Domingo, 27 de Janeiro de 2008

H-Mito 5 (São só 2 ou 3 ...)

Já há muito que não apareço com novos mitos desta temática, ainda tão controversa por sinal.

Parece então, por muitas opiniões ou comentários ouvidos ocasionalmente por parte da Sociedade Civil ou até escritos que, a Comunidade Gay são apenas dois ou três afectados dispersos que por aí andam e que, com um competente tratamento médico ou um trabalho de correctivo acompanhamento psicológico, a coisa iria ao lugar. Ao fim e ao cabo são tão poucos que quase nem se notam e não há nada que uma boa terapia não resolva.

São então só dois ou três … poisssss.

Sim, se não são só dois ou três, serão certamente poucos, muito poucos os que, à excepção de:

- todos os muitos que não se assumindo como tal, percorrem tudo o que é praia de engate gay, para rápidos “encontros do terceiro grau” (aqui se incluem muitos e muitos pais de família que deixam a mulher e os filhos na toalha e a pretexto de irem dar uma voltinha, dão uma escapadela rápida a qualquer duna próxima não propriamente com o intuito de dar um “ingénuo” passeio de rotina);

- todos os que não se assumindo como tal e pela calada da noite (quando todos os gatos são pardos), são assíduos transeuntes de  específicos pontos urbanos onde dão largas à sua fantasia corporal, parques de estacionamento, periferias suburbanas mais descampadas, …, “despem” momentaneamente a sua capa de heteros convictos e pais de família para dar o corpo ao manifesto;

- todos os que não se assumindo como tal, “minam” as casas de banho públicas de mil  estações de serviço por esse país fora, oferecendo serviços sexuais com números de telefone, procurando observar a genitalidade dos demais ou expondo a sua e, não raras vezes, entrando em vias de facto;

- todos os que ousam negá-lo categoricamente após acto consumado com alguém do mesmo sexo, verbalizando-o ao outro e negando a sua própria natureza, tal o peso do “lobby hetero” de uma vida;

- todos os que, negando-o ou não a si próprios, o esconderam ou escondem no mais profundo do seu ser toda uma vida, jamais o exibindo uma vez que seja, até à morte, travando por cobardia ou por outras condicionantes, uma luta sem tréguas contra a sua própria natureza;

- todos os que, partilhando-o apenas com um grupo restritíssimo de pessoas, não raro com a mesma conduta, jamais o declarariam abertamente e muito dificilmente aos entes queridos mais próximos que, com toda a infelicidade deste mundo, morrem sem chegar a conhecer verdadeiramente quem eles são;

- todos os que jamais o declarariam num qualquer processo de levantamento estatístico a nível territorial pelas supostas consequências que daí poderiam advir, no seu entendimento;

- todos os que, assumindo para si e com eventual relação afectiva, jamais a ostentariam publicamente, nem que fosse para as pessoas mais chegadas;

- todos os que suposta ou estranhamente se assumem sem problemas e estão muito “à frente” mas, na possibilidade de apresentar o namorado a pessoas próximas, amigos ou familiares o fazem como sendo “um amigo” mais ou menos especial ou “um colega”;

- todos os que alteram ou transfiguram praticamente a sua casa, quando há a possibilidade dos pais o visitarem e poder haver o mínimo risco de se darem conta de que aquele espaço não é só frequentado pelo filho querido;

-  todos os que não se assumindo como tal, conseguem ter capacidade de engendrar os mais complexos esquemas, manipulando mil factores e a esposa e antevendo mil hipóteses de falhanço com suficiente antecedência, para saírem sem mácula de loucos encontros sexuais;

- todos os que não se assumindo como tal e mostrando-se bem casados, partilharam desde sempre o mesmo leito de amor com “aquele amigo de sempre”, dos bons e maus momentos, das saídas e das fugas às casas de meninas;

- todos os que não se assumindo como tal e até recriminando, têm a capacidade de se cruzar connosco na rua, de peito inchado e mão dada com a respectiva esposa, mas não conseguem evitar lançar um contido olhar que brilha do mais visceral desejo carnal;

- todos os que não se assumindo como tal, procuraram como fuga última, ambientes profissionais marcadamente homo eróticos, de que são exemplos a vida religiosa ou a vida militar,  para estarem sempre em contacto directo com indivíduos do mesmo sexo e, se não concretizarem, poderem pelo menos continuar a fantasiar;

- todos os que troçam e escarnecem de outros que se assumem sem reservas, apenas porque nunca conseguiram ou conseguirão ter a coragem suficiente para tomar a mesma atitude;

- todos estes e tantos outros que poderia continuar a mencionar;

 

…sendo assim, serão de facto dois ou três, ou pelo menos poucos, muito poucos os que tiveram a suficiente CORAGEM de serem suficientemente HOMENS para serem eles próprios contra tudo e todos, para serem suficientemente HOMENS para não se deixarem esmagar pelo “lobby hetero” porque é a pressão hetero o grande problema, para serem suficientemente HOMENS para impor a sua vontade com todas as consequências daí resultantes, para serem suficientemente HOMENS para contrapor a injustiça das convenções instaladas, para serem suficientemente HOMENS para não se envergonhar da sua essência, para serem suficientemente HOMENS para se orgulharem dos Homens que são e daqueles com que decidiram partilhar a vida, para serem suficientemente HOMENS para não se vangloriar de assumir o que não são, para serem suficientemente HOMENS para resistir a séculos de catolicismo instalado, para serem suficientemente HOMENS por escolher o caminho mais ingrato e difícil, por serem suficientemente HOMENS para não perder tempo com a paneleirice de discriminar outros homens, para serem suficientemente HOMENS para viver.

 

                                                                                                                  Brama


publicado por Brama às 23:57
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Domingo, 11 de Novembro de 2007

H - Mito 4 (Adopção!)

 

Saltei propositadamente a questão Casamento, porque não me apetece falar nela, faz-me confusão e sérias comichões que não esteja garantida a todos os seres que, por uma razão ou outra se amam e por azar do destino, naturalmente o sentiram por alguém que tem o mesmo sexo. Afinal a base do casamento, que o sustenta, não é o Amor? Ou será que esse Amor se subjaz obrigatoriamente ao que as pessoas têm entre as pernas?!

 

Em relação à Adopção, nenhum argumento utilizado até ao momento sustenta cabalmente o impedimento de um casal homossexual adoptar e dar amor, carinho educação e atenção a uma criança. Os que contestam a adopção por parte de um casal homossexual sustentam a ideia em questões que, diria de somenos importância face à urgência de uma criança ter um lar e amor. Por um lado, apresentam-nos o modelo da Família tradicional, tão incomum nos dias que correm, como plataforma única de educação normal e equilibrada de uma criança. Um único molde em que a criança dispõe do modelo masculino (o Pai) e feminino (a Mãe), fundamentais para o seu correcto processo de crescimento e desenvolvimento pessoal. Esta postura é duplamente falaciosa, primeiro porque não parece estar largamente comprovada que a adopção por um casal homossexual possa ser impeditiva do normal e harmonioso desenvolvimento da criança e depois, porque a ideia da Família tradicional com a representatividade do pai, da mãe, da idêntica dedicação dos dois na educação, num ambiente, calmo, tranquilo, educado, harmonioso, equilibrado é apenas uma miragem probabilística ... são poucas, muito poucas as crianças que têm o privilégio de beneficiar de um ambiente nestes moldes. Temos as crianças que por força das circunstâncias, por falecimento de um dos pais, por divórcio e separação, por ausência sistemática de um deles ou dos dois, por viverem num ambiente familiar de permanente instabilidade e até de violência doméstica e só para citar alguns exemplos, também nunca conheceram a tal harmonia, a tal serenidade, o tal ambiente de amor, de atenção, de afecto, de calorosa e confortável tranquilidade para o desenvolvimento de todas as suas potencialidades, nunca sentiram em todo o seu processo de crescimento a tal adoração e idolatração pelo modelo paterno ou materno orientador, por este simplesmente não existir, ou por sentirem não ser um verdadeiro modelo, aquele que lhes daria a tal confiança, a tal atenção. Para manter a linha de mesquinhez hipócrita e sem querer entrar em comparações, o Estado deveria ter a obrigação de atender a todas estas situações,  mostrando idêntica empatia e preocupação, como mostra para com a adopção por casais homossexuais no percurso da criança. Sejamos honestos, existem muitos homossexuais bem mais válidos que muitos e muitos heterossexuais, na capacidade de criar e amar uma criança verdadeiramente e evidentemente esta questão não passa pela orientação sexual de cada um, é uma questão de respeito pelas pessoas e pelos seus direitos, não pelos sexos ou sexualidades.

Além desta lamentável demonstração clara a patética de atestado de incapacidade e insanidade para um casal homossexual adoptar uma criança, surgem outras ideias igualmente brilhantes associadas e que, na melhor das hipóteses expõem a maldade e a hipocrisia humana de quem lidera e da carneirada humana instruída segundo um código de conduta convencionada social ou religiosamente, que segue taxativamente desde tempos esquecidos, sem nunca ter respondido às verdadeiras prioridades humanas ou, na pior das hipóteses, certifica um estádio de irremediável imaturidade novamente de quem lidera e de quem segue, de uma Sociedade que se recusa a acompanhar a realidade dos dias actuais e se confina a uma observância primária da sexualidade como algo jocoso, motivo de gozação. Com esta análise preambular, pretendo referir-me a dois argumentos tão estúpidos quanto tristes. Primeiro, a ideia de que a criança poderá sofrer represálias na Escola, ser alvo de gozação pelos colegas quando estes se derem conta de que essa mesma criança vive e é criada por dois pais ou duas mães. O que responder com alguma obrigatoriedade de manter a coerência, a uma observação destas? Sim, o que dizer sem ofender, mantendo um nível mínimo de educação? Talvez que é a Soceidade que está doente, terrivelmente enferma, que é ela que urge mudar e rapidamente, adaptando-se a integrar todos de igual forma, que um casal homossexual não tem de ser privado em todo o seu desenvolvimento pessoal por uma limitação social de que não é responsável directo, que a criança é educada e criada por duas pessoas, sim, duas pessoas, pais ou mães, que acima de tudo decidiram recebê-la e amá-la preenchendo uma vazio de que esta carecia e que isso é algo de valorizar, respeitar e enobrecer e não motivo de qualquer tipo de risada mais ou menos bem disposta e depreciativa. "Mas a criança não tem culpa e será alvo de provocação" ... dirão outros, ou ainda, " A Sociedade não está ainda preparada para aceitar estas mudanças". A esses, primeiro há que esclarecer que, a Sociedade nâo tem de aceitar ou deixar de aceitar coisa alguma ou excluir quem quer que seja, pois ela é exactamente composta de diversidade e uma Sociedade desenvolvida e respeitadora deverá saber integrar todos em igualdade de circunstâncias, anulando quaisquer tipos de discriminação. Em segundo lugar, a História do Homem tem mostrado desde sempre que a Sociedade não está nem nunca estará preparada para qualquer mudança, enquanto esta não tiver lugar e se tornar numa prática corrente como qualquer outra o que, por norma só acontece a pulso ou pela coragem de quem inicia e que, contra tudo e todos abre o caminho que os seguintes mais comodamente trilharão. Tem sido assim sempre e então, numa Sociedade comodista dos supostos "bons costumes" como é a portuguesa, nada muda mesmo se não for a pulso e com determinação do que é correcto, do que está certo e justo. Portanto, o argumento de que a criancinha será uma cobaia não tem pernas para andar. Além disso, há tantos casos diversos, por exemplo alguém contesta o facto de uma criança, por ausência de um pai, ser criada por a sua mãe e uma tia na mesma casa?! É absurdo no mínimo, mas pela lógica de serem duas mulheres não deveria ser, ou será que o facto de essas duas senhoras não partilharem o leito do amor muda tudo?! Não está aqui claramente subjacente um princípio de projectar a homossexualidade de forma maliciosa e pecaminosa reafirmada séculos e séculos pela santa Igreja Católica?! E isso é suficientemente credível que justique que uma criança orfã ou abandonada, por exemplo, se veja privada de um lar, de um amor?! Não existirá nisto tudo uma avaliação muito questionável, mesquinha, redutora, desrespeitadora e absolutamente infeliz?!

Depois temos ainda outra ideia estapafúrdia, mas que até tem laivos de humor, porque absolutamente irreflectida. A ideia afirmada de que uma criança criada e educada por dois gays ou duas lésbicas, facilmente se tornará num homossexual. Convém aqui explicar antecipadamente, caso semelhantes mentes prodigiosas não tenham dado conta, que os milhões de homossexuais existentes pelo mundo fora, foram generalizadamente criados e educados segundo uma conduta heterossexual (não me refiro aos pais, porque muitos de facto não são heterossexuais, refiro-me à conduta) e que, não foi por tal facto que ficaram heterossexuais. Convém também realçar no seguimento desta nota inicial que o convívio com um casal homossexual não torna a criança homossexual, porque não é uma espécie de gripe viral, tipo gripe das aves e não se transmite pelo ar, pela respiração, pelo toque, pelo amor, pela atenção, pelo carinho, pela preocupação, pela dedicação. A criança ao longo do seu processo de crescimento e desenvolvimento pessoal, naturalmente estará capacitada para desenvolver de modo saudável a sua sexualidade seja esta qual for, seguindo os seus próprios impulsos físicos, psicológicos e devidamente acompanhada por um casal que tenha a sua guarda. E se por mero acaso, a criança tiver, em adulto, uma conduta homossexual, isso também não significa que derive da educação, é que algumas crianças vão mesmo ser homossexuais, é uma característica como outra qualquer, não é nenhuma incapacidade e só representa handicap, porque a sociedade assim o decidiu. Como tal, não tem de ser um drama, ou será preferível uma criança nunca chegar a conhecer um afecto, uma receptividade, um acolhimento, para não correr o "risco", socialmente decidido e imposto, de ser ou não homossexual?!

 

                                                                                                                                                Brama


publicado por Brama às 23:32
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Quinta-feira, 1 de Novembro de 2007

H- Mito 3 (Ser gay está na moda!)

Ou seja, é produto dos tempos modernos. Tudo desejoso de ser enrabadinho, mariconço apenas movido por uma extrema necessidade de estar na moda. Afinal tanta preocupação em tentar perceber se os e as homossexuais são assim por uma forte propensão genética, por essa conduta estar já registada no seu ADN, por derivar mais de factores relacionados com o meio e a socialização ou condutas familiares ou se, ao invés, foram de facto os factores biológicos os mais determinantes, quando afinal o motivo explicativo é bem mais festivo. Tal como criadores dão forma à nova colecção primavera-verão para a casa Dior, gays masculinos e gays femininos (ou lésbicas ... termo um pouco desagradável), surgiram como cogumelos de um momento para o outro, apenas movidos por uma questão de seguir as tendências da actualidade. Eles antes não existiam, é tudo uma grande mentira, aliás os relatos da homossexualidade na Grécia Antiga são simples metáforas criadas por mentes malévolas, à semelhança da criação de Adão e Eva. Nunca houve antes homossexualidade em tempo algum, isso é apenas resultado da modernidade, esta mania de quererem chocar e ser diferentes, quando afinal com algum tipo de acompanhamento psicológico ou até cirúrgico, quiçá a coisa iria ao lugar e se deixavam de loucuras. Ai, ai!!! estes marotos destes gays, as coisas de que se lembram! 

 

Quem se lembra de dizer que ser gay está na moda merecia no mínimo, não uma explicação, mas dois tabefes logo ali, bem assentes na focinheira, para acordar para a realidade. Será que dessa tendência moderna também constarão os gays submetidos à tortura e à morte durante os séculos em que vingou a "santa" Inquisição? Ou os desgraçados portadores do triângulo rosa que enfileirados, integravam grupos humanos a despachar em tempo útli nas câmaras de gás, durante a vergonhosíssima segunda guerra mundial? Tudo em prol da moda e das tendências primavera- verão, evidentemente.

 

Só pelo facto dos homossexuais começarem pouco a pouco a ter maior visibilidade, porque séculos e séculos de censura os mantiveram  sabe-se lá à custa de quanto sofrimento humano, no limbo ou na penumbra, não significa que eles apareceram por obra e graça não do espírito santo, mas do demo ( como entenderão alguns), de um momento para o outro. E além disso, a população humana mundial cresce, certo?! Claaaro ... logo também exisitirão logicamente mais homossexuais. E em tempos de globalização, a comunicação social encarrega-se de trazer a público tudo o que se passa por esse mundo fora. Sendo assim, como qualquer outro assunto que seja abordado ou referenciado, a homossexualidade é mais um desses assuntos, não sendo como tal estranho que seja abordado com maior frequência, ok?! Evidentemente.

 

Sendo assim, a homossexualidade não apareceu assim repentinamente, qual gripe das aves, de um momento para o outro, é algo transversal à História da Humanidade, faz parte das características humanas, como ter olhos verdes ou castanhos, ser alto ou ser baixo, gordo ou magro, escuro ou claro, ...

 

                                                                                                                                        Brama


publicado por Brama às 14:29
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H- Mito 2 (Vê-se logo que é gay!)

A: _ Olha lá, aquele gajo é gay, não é?

B: _ Qual gajo?

A: _  Aquele colega novo muito giro que chegou agora?

B: _ Mas qual colega???

A: _ Olha, está ali sentado. Vê lá, diz-me o que é que achas. É de certeza! Eu já os conheço.

B: _ Pois... não sei, ainda nem tinha visto bem esse colega.

A: _ Não ... é de certeza e ainda por cima é tão giro, que desperdício. Não, é, é ...sabes, isto são

        muitos anos de experiência. Quase que já os conheço pelo faro ...

B: _ Pois, pode ser, pode não ser, sinceramente ainda nem vi bem esse colega, só o vi agora e

        ontem estava aqui também. Mas porquê essa desorientação em saber? Estás louca?

A: _ Ora porquê, porquê! O gajo é tão giro e tu percebes logo quem é e quem não é, era só para

        confirmar.

B: _ Sei lá se é, mas também não tenho de estar a falar de uma pessoa com a qual ainda nem

        conversei. Quero lá saber do que é ou deixa de ser. Pode ser como pode não ser.

A: _ Pronto ´tá bem, ok. É claro que é ... Vê-se logo, só pode ser e nem disfarça.

B: _ E o que é que te leva a ter tanta certeza?

A: _ Eu já os conheço a léguas, a postura, as roupas, olha lá tudo no lugar, o ar muito erecto.

        Isto são muitos anos e tu sabes de muita coisa que já te disse. Evidentemente que é e

        o pior é que o gajo é bom, é mesmo giro. É sempre o mesmo, quando são giros, são

        casados ou maricas.

B: _ Mas disseste que nem disfarça. Parece bem discreto.

A: _ Mas dá p´ra ver perfeitamente, é claro que é e convive bem com isso, tanto que nem

       disfarça.

 

E assim tem andado o mulherio na minha instituição de ensino, estão loucas com o novo colega que apenas vi duas vezes, mas também é compreensível, porque de facto a fauna masculina é um cadinho para o pobrezinho. De facto o fulano é bonito, tem os requisitos físicos que o podem catapultar para um sucesso junto de gajas e gajos. É alto, poderá ter entre 1,80 e 1,85m, bem constituído, um porte atlético para o magro, um tronco largo relativamente definido, caucasiano, de pele bem clara, poucos ou nenhuns pêlos (o que parece deixar logo as gajas todas loucas), um rosto bonito, olhos verdes, cabelo curto escuro espetado, roupa escura justa definindo o corpo, um ar clean e parece simpático. E o resultado ... um desnorteio total.

 

Ok, posso até concordar que em muitas pessoas, pode ser bem visível a sua conduta sexual, por vários factores. Mas esta questão também não é assim tão linear, o facto de muitos pessoas, homens ou mulheres usarem e abusarem, ou tão simplesmente,  de modo muito natural exporem a sua homossexualidade, não iliba todos os demais de, por serem mais reservados, discretos,  passarem despercebidos, etc, etc, não o serem também. Assim como e da mesma forma, alguns casos de homens efeminados e mulheres algo masculinizadas, não é obrigatoriamente,  ipsis verbis confirmação da sua homossexualidade.

 

A tendência é: o gajo é amaneirado, abana o traseiro, não se sustenta bem nas pernas, distorce a voz ou fala de modo afectado, é aprumado no aspecto e vítima da moda, mostra sensibilidade, fala demais, não fala de futebol, ... logo, é gay (na melhor das hipóteses), ou paneleiro, ou maricas, ou bicha, ou panasca, ou virado, etc, etc, na pior das hipóteses.

Este ainda continua a ser o estereótipo, pelo menos em Portugal. Então e todos os outros, os casados que sempre disfarçaram o mais possível em todos os aspectos? Aqueles que até são bastante masculinos e que ninguém desconfiaria? Os que de maneira alguma seguem a moda ou são vítimas de preocupações estéticas?Os trolhas, os mecânicos, os políticos, os comerciantes, os futebolistas, ... casados, solteiros, divorciados ... de todas as profissões, credos, interesses, condições sociais, etc, etc ???...

 

No caso das mulheres a tendência é: vestem roupa pouco feminina, de cor por norma escura, usam cabelo mais curto que comprido, assumem uma postura algo fria e distante, são bruscas, sentam-se de perna aberta e movem-se de modo duro e nada delicado, mostram interesse por temas e funções tradicionalmente do foro masculino. São umas camionistas, umas tortilleras, segundo dizem,  los nuestros hermanos, lésbicas, fufas... Evidentemente que está automaticamente fora do âmbito do lesbianismo toda a mulher que mostre ostentar demasiado os seus atributos femininos, se preocupe em vestir roupa que defina as suas curvas, essencialmente feminina, se maquilhe, se desloque com elegância e feminilidade ... o que é perfeitamente ridículo.

 

Os homossexuais (homens e mulheres), são na realidade tão díspares e diversos quanto os heterossexuais e não se reduzem a dois ou três estereótipos, porque também não são tão poucos quanto se julga pensar, ou se gostaria ( da parte de quem condena). Há-os de todas as formas, muito masculinos, muito femininos, muito masculinas, muito femininas, pobres, ricos, cuidados, descuidados, ...

Encaixar e reduzir a classificações dá jeito em casa para arrumar objectos, documentos, etc ... mas não se aplica mesmo a pessoas porque cada um é em si mesmo, um mundo muito complexo, flexível ou não, porém sempre de algum modo mutável.

 

                                                                                                                                       Brama

 


publicado por Brama às 01:49
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Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007

Homossexualidade - Mito 1( É Opção!)

Que tema tão chato, mil vezes debatido e conjecturado sob mil diferenciadas perspectivas. Já me havia decidido a falar pouco ou nada do tema, ou tratá-lo de forma tão natural quanto possível, por ser algo tão natural e normal como outra coisa qualquer. Mas após consulta de vários blogs, onde o assunto é aberta ou dissimuladamente focado, no bom e no mau sentido, vejo-me obrigado a ter de dar o meu parecer e contribuir para aclarar algumas alminhas que, por ignorância ou assumida estupidez, ainda insistem nas ideias pré-câmbricas de seus antepassados e urgem de alguns esclarecimentos.

 

 "A opção de cada um deve ser respeitada."

 

Primeiro erro crasso, faz derivar a sexualidade de cada um de uma escolha ou opção, como quem vai à boutique e entre duas peças de roupa exactamente iguais, escolhe aquela cuja cor mais lhe agrada. Também não sou quadrado ao ponto de não pensar que, em alguns casos possa mesmo ser  uma questão de opção. A natureza humana é tão diversa, tudo nela pode ter lugar, ou não?! Quem refere a sexualidade como derivando de uma questão de opção das duas uma, ou não sabe o significado da palavra opção, ou nunca reflectiu correctamente no que está a dizer. Suas excelências ditas ou assumidamente  heterossexuais e suas excelências futilmente homossexuais ( para pôr na mesma balança todos os pensantes e já que estamos a falar de igualdade entre todos),  que optam por opção, acharão mesmo que, numa sociedade milenarmente castradora, pelo menos desde o cristianismo, condenatória, discriminatória, os que se sentem homossexuais, optam mesmo por sê-lo, num ataque fulminante de procura masoquista?! Será que já pararam para criar alguma empatia para com quem se sente efectivamente homossexual ou sempre se sentiu e, contra tudo e todos, a ordem injustamente instituída, as práticas ancestrais, os valores familiares, os princípios religiosos, etc, etc ... se debateu por impôr a sua verdadeira natureza ou orientação?! Já imaginaram o caminho tortuoso que muitos interiormente palmilharam, desafiando um muro socialmente construído,  quantas vezes à custa do corte com as relações familiares, com os supostos amigos, problemas profissionais e noutras sociedades, pagando com a falta de liberdade, o sofrimento e até a morte?! E isto tudo apenas por uma inabalável necessidade de serem eles próprios, seguirem a própria natureza, os mais intrínsecos impulsos ... uma procura incessante por serem visíveis e não transparentes. E apenas isto, aparentemente tão simples, quantas e quantas vezes numa luta individual, plena de uma grande solidão pessoal e de um  real desamparo. Neste preciso momento há muitos homossexuais por este mundo fora, presos na sua solidão interior, a esconder algo de que sempre se envergonharam porque aprenderam a ver como pecaminoso, digno de vergonha, a lutar interiormente para deixar de o ser, sem resultados logicamente (seria o mesmo que um negro querer ser branco apenas movido de uma grande força interior), presos, sujeitos à discriminação física e psicológica, condenados à morte e a sofrimentos atrozes, sozinhos porque as famílias esqueceram-nos para sempre, ... entregues ao solitário inferno da diferença ... tudo porque num belo dia decidiram ou optaram por ser homossexuais. Que capricho tão estranho, se podiam ser "normais" porque querem ser gays e lésbicas?! Ninguém entende ...

Por esta ordem de ideias, os ditos "normais" também poderiam tentar não o ser e optarem , assim só para quebrar a rotina, por se tornarem homossexuais. Sempre seria um pouco diferente e até engraçado, o que é que acham?!

Claro que quem profere a frase acima indicada, mesmo fazendo derivar a homossexualidade de uma razão incorrecta, tem um princípio até bom, porque até por uma questão de opção, reconhece-lhe algum respeito.

 

                                                                                                                             Brama

 


publicado por Brama às 15:40
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