Já há muito que não apareço com novos mitos desta temática, ainda tão controversa por sinal.
Parece então, por muitas opiniões ou comentários ouvidos ocasionalmente por parte da Sociedade Civil ou até escritos que, a Comunidade Gay são apenas dois ou três afectados dispersos que por aí andam e que, com um competente tratamento médico ou um trabalho de correctivo acompanhamento psicológico, a coisa iria ao lugar. Ao fim e ao cabo são tão poucos que quase nem se notam e não há nada que uma boa terapia não resolva.
São então só dois ou três … poisssss.
Sim, se não são só dois ou três, serão certamente poucos, muito poucos os que, à excepção de:
- todos os muitos que não se assumindo como tal, percorrem tudo o que é praia de engate gay, para rápidos “encontros do terceiro grau” (aqui se incluem muitos e muitos pais de família que deixam a mulher e os filhos na toalha e a pretexto de irem dar uma voltinha, dão uma escapadela rápida a qualquer duna próxima não propriamente com o intuito de dar um “ingénuo” passeio de rotina);
- todos os que não se assumindo como tal e pela calada da noite (quando todos os gatos são pardos), são assíduos transeuntes de específicos pontos urbanos onde dão largas à sua fantasia corporal, parques de estacionamento, periferias suburbanas mais descampadas, …, “despem” momentaneamente a sua capa de heteros convictos e pais de família para dar o corpo ao manifesto;
- todos os que não se assumindo como tal, “minam” as casas de banho públicas de mil estações de serviço por esse país fora, oferecendo serviços sexuais com números de telefone, procurando observar a genitalidade dos demais ou expondo a sua e, não raras vezes, entrando em vias de facto;
- todos os que ousam negá-lo categoricamente após acto consumado com alguém do mesmo sexo, verbalizando-o ao outro e negando a sua própria natureza, tal o peso do “lobby hetero” de uma vida;
- todos os que, negando-o ou não a si próprios, o esconderam ou escondem no mais profundo do seu ser toda uma vida, jamais o exibindo uma vez que seja, até à morte, travando por cobardia ou por outras condicionantes, uma luta sem tréguas contra a sua própria natureza;
- todos os que, partilhando-o apenas com um grupo restritíssimo de pessoas, não raro com a mesma conduta, jamais o declarariam abertamente e muito dificilmente aos entes queridos mais próximos que, com toda a infelicidade deste mundo, morrem sem chegar a conhecer verdadeiramente quem eles são;
- todos os que jamais o declarariam num qualquer processo de levantamento estatístico a nível territorial pelas supostas consequências que daí poderiam advir, no seu entendimento;
- todos os que, assumindo para si e com eventual relação afectiva, jamais a ostentariam publicamente, nem que fosse para as pessoas mais chegadas;
- todos os que suposta ou estranhamente se assumem sem problemas e estão muito “à frente” mas, na possibilidade de apresentar o namorado a pessoas próximas, amigos ou familiares o fazem como sendo “um amigo” mais ou menos especial ou “um colega”;
- todos os que alteram ou transfiguram praticamente a sua casa, quando há a possibilidade dos pais o visitarem e poder haver o mínimo risco de se darem conta de que aquele espaço não é só frequentado pelo filho querido;
- todos os que não se assumindo como tal, conseguem ter capacidade de engendrar os mais complexos esquemas, manipulando mil factores e a esposa e antevendo mil hipóteses de falhanço com suficiente antecedência, para saírem sem mácula de loucos encontros sexuais;
- todos os que não se assumindo como tal e mostrando-se bem casados, partilharam desde sempre o mesmo leito de amor com “aquele amigo de sempre”, dos bons e maus momentos, das saídas e das fugas às casas de meninas;
- todos os que não se assumindo como tal e até recriminando, têm a capacidade de se cruzar connosco na rua, de peito inchado e mão dada com a respectiva esposa, mas não conseguem evitar lançar um contido olhar que brilha do mais visceral desejo carnal;
- todos os que não se assumindo como tal, procuraram como fuga última, ambientes profissionais marcadamente homo eróticos, de que são exemplos a vida religiosa ou a vida militar, para estarem sempre em contacto directo com indivíduos do mesmo sexo e, se não concretizarem, poderem pelo menos continuar a fantasiar;
- todos os que troçam e escarnecem de outros que se assumem sem reservas, apenas porque nunca conseguiram ou conseguirão ter a coragem suficiente para tomar a mesma atitude;
- todos estes e tantos outros que poderia continuar a mencionar;
…sendo assim, serão de facto dois ou três, ou pelo menos poucos, muito poucos os que tiveram a suficiente CORAGEM de serem suficientemente HOMENS para serem eles próprios contra tudo e todos, para serem suficientemente HOMENS para não se deixarem esmagar pelo “lobby hetero” porque é a pressão hetero o grande problema, para serem suficientemente HOMENS para impor a sua vontade com todas as consequências daí resultantes, para serem suficientemente HOMENS para contrapor a injustiça das convenções instaladas, para serem suficientemente HOMENS para não se envergonhar da sua essência, para serem suficientemente HOMENS para se orgulharem dos Homens que são e daqueles com que decidiram partilhar a vida, para serem suficientemente HOMENS para não se vangloriar de assumir o que não são, para serem suficientemente HOMENS para resistir a séculos de catolicismo instalado, para serem suficientemente HOMENS por escolher o caminho mais ingrato e difícil, por serem suficientemente HOMENS para não perder tempo com a paneleirice de discriminar outros homens, para serem suficientemente HOMENS para viver.
Brama
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