Uma das mil imposições do nosso atencioso Ministério Deseducacional é perfeitamente intolerável. Não é só esta, claro que não ... mas esta tem conseguido fazer-me fervilhar e vociferar odiosamente. Pura e simplesmente, é desumano e não é possível aceitar, por muitas voltas que se possa dar à questão, que um professor seja penalizado na sua avaliação por um item que, e sublinho, está longe de depender da sua acção. O abandono escolar depende numa primeira instância, do contexto familiar e social em que o jovem ou a jovem se insere e que não diz respeito ao professor. Assim sendo, serão os responsáveis pela educação daquele indivíduo, os verdadeiros e únicos elementos que intervêm neste processo. Aliás, qualquer pai ou mãe com um minimo de bom senso deveria inclusivamente sentir-se ofendido no exercício do seu papel educativo porque esta incompetente (e não avaliada) ideia do nosso Ministério, também os ofende porque conclui em si mesma que, os pais não são válidos nem estão capacitados a ser encarregados de educação. Numa última instância, o abandono escolar tem a sua génese numa Sociedade (a portuguesa) que se encontra em si mesma, enferma ... incapaz de incluir jovens em risco porque se sentem porventura desamparados num tecido social que, ele sim, os abandonou à sua sorte. Ao atribuir a responsabilidade deste abandono escolar aos professores, o Governo está a assumir categoricamente que não é capaz de captar, envolver e motivar os jovens para a Educação e para a necessidade de Aprender, a urgência de se tornarem amanhã seres mais interessantes. O Estado assume com este item de avaliação dos professores, a sua incapacidade no exercício das suas funções mas, cobardemente, "lava as suas mãos" como Pilatos e canaliza toda a responsabilidade do abandono escolar, para os docentes, o elo mais fraco deste processo. Não me venham com falsos moralismos ou com justificações de uma outra dimensão, nada sustenta este item de avaliação, nada.
Eu enquanto director de turma e professor tento cumprir o melhor possível as minhas funções, pese embora os impedimentos e a desautorização profissional perpetrada pelo nosso querido Ministério mas, jamais me sentirei responsável pelo abandono escolar de um qualquer aluno meu. E também não farei qualquer esforço complementar em trazer um aluno à Escola. Essa tarefa compete aos pais e encarregados de educação. Se eu fosse encarregado de educação de um jovem, sentir-me-ia muito envergonhado se tivesse de ser um professor a ir a minha casa buscar um filho meu para a Escola, sentir-me-ia ao nível do chão mesmo.
Quanto às aulas assistidas, não me venham com hipocrisias e explicações fenomenais que sustentem esta tese. Tenho ouvido várias vozes corajosas, puxarem os galões profissionais de que não têm qualquer receio nem nada a esconder. Só isto mostra como algumas, muitas pessoas, profissionais do ensino, são mesquinhos, nada corporativos e têm uma visão curta. Não se trata de temer ou deixar de temer ... trata-se de ser uma medida incoerente, descabida, vergonhosa, minimizadora das nossas capacidades profissionais e assente apenas numa lógica de uma sangria e doentio controlo levado ao extremo. Será esta uma medida fundamental como comprovação do exercício de boas práticas profissionais? Será urgente "invadir" o único espaço que ainda era o nosso, despojando-nos do local último, em que ainda poderíamos ter alguma autoridade profissional e sermos nós mesmos?
No meu entendimento, esta atitude gera uma desautorização ainda maior da nossa profissionalidade. Não é uma postura benéfica, claro que não. Expõe um exagerado controlo, questiona a validade da formação a que fomos sujeitos, da capacidade dos nossos orientadores de estágio fazerem uma aferição correcta das nossas competências, gera inibição de professores e alunos em situação de aula, justifica a maldosa perseguição por parte deste Ministério e destrói completamente a essência do ensino.
Tenho pena que esta classe de que faço parte, me envergonhe também e não se insurja contra estas injustiças. Lamento que numa altura tão conturbada e difícil para todos, haja sempre aqueles "seres conspiradores" que, no meio da discórdia e da fragilidade, tentem subtilmente destacar-se pela diferença, mostrando uma aparente "maior profissionalidade" que os restantes colegas e assim, consigam pôr uma capa mais bonita e mais brilhante.
Brama
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