Como pedras de gelo batendo ruidosamente contra placas metálicas de zinco ... assim se pode definir a percepção auditiva do seu grito nos registos mais perturbadores e inaudíveis. A partir do momento em que Miss Galás se acomoda no banco e principia o deslizar de dedos pelas teclas do seu piano, tem início o teste à capacidade de resistência auditiva do seu público ouvinte. A sua intensa performance pauta-se sempre por um complexo e excessivo exercício de malabarismos vocais, projectando a voz de uma forma absolutamente notável, impressionante quer nas composições mais melódicas e calmas, quer nas mais trágicas e assustadoras. O concerto de ontem apresentou o novo álbum Guilty Guilty Guilty, foi menos duradouro comparativamente ao concerto de 2005 (quando a vocalista e pianista veio ao Porto apresentar o anterior La Serpenta Canta), mas igualmente extraordinário, mostrando que aos 53 anos, a cantora norte-americana mantém uma vitalidade e capacidade vocais excepcionais. À semelhança do concerto de há três anos na Casa da Música do Porto, após o fim do concerto, a artista voltou mais três vezes ao palco, premiando o devoto público com Heaven Have Mercy do recente álbum, 25 Minutes To Go, do Malediction and Prayer e o maravilhoso Gloomy Sunday deste mesmo álbum.
Brama
De
pinguim a 12 de Maio de 2008 às 00:14
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!
De
Brama a 12 de Maio de 2008 às 00:35
Era isto pinguim, era isto mesmo ...
abraços
Foi um concerto simplesmente maravilhoso, diria mesmo notável. Mas acho que não consigo ainda descrever muito bem o que vivi naquela sala, mas sei que foi bom... muito bom mesmo. E foi bom encontrar-te por lá.
Abraço grande
Pedro
De
Brama a 12 de Maio de 2008 às 13:03
Muito obrigado, também gostei de te rever, claro.
Sim, independentemente de se gostar ou não, depois de ver um concerto da Diamanda Galás, passamos automaticamente a ser pessoas diferentes. É que ver, ouvir e sentir um concerto dela não é simplesmente presenciar mais um concerto, é ser elemento participante de um ritual único e de indiscutível excepção no panorama musical. O timbre único aliado à sua figura de imponente sedução e uma original capacidade interpretativa, juntando apenas os elementos voz e piano, foram suficientes para exceder o espaço da aula magna e derramar os nossos sentidos.
Estou desejando já o próximo concerto.
De Graduated_fool a 12 de Maio de 2008 às 14:30
Será que quem lá esteve, quando saiu passou mesmo, automaticamente, a ser alguém diferente?
Sabes bem que não.
De
Brama a 12 de Maio de 2008 às 20:05
Quando faço esta afirmação, não estou propriamente a querer dizer que as pessoas mudam de personalidade após presenciar um concerto destes; mas naturalmente poderão observar determinados aspectos artísticos numa outra perspectiva. Muitas pessoas que comprem um bilhete para ir a um concerto da Diamanda, sem fazer a menor ideia de quem se trata, apenas por mera curiosidade, certamente sairão de lá com a sensação de terem sentido algo pelo menos diferente da norma e talvez até representar um marco no conceito de musicalidade. Não acredito que alguém possa esquecer um concerto destes, gostando ou não.
Foi nesse sentido que fiz a afirmação
De Graduated_fool a 12 de Maio de 2008 às 14:03
"Igualmente extraordinário"?
Não me disseste que gostaste mais do outro de 2005?
De qualquer forma sei que adoraste e isso é bom, muito bom.
De
Brama a 12 de Maio de 2008 às 20:11
Não gostei mais ... ambos foram notáveis. Simplesmente como vi o outro e foi mais duradouro, fiquei um pouco triste que este tivesse durado menos tempo, só isso. Mas, neste tive mais perto (o palco da Aula Magna é mais perto do público do que acontece na Casa da Música). Por outro lado, em determinadas músicas sinto que neste concerto ela foi mais longe, arriscou mais prolongando notas por tempo quase indeterminado.
Não consigo dizer qual dos concertos gostei mais, ela é sempre excelente.
De Graduated_fool a 12 de Maio de 2008 às 14:25
Como sabes, não morro de amores por esta senhora mas admito que gostava de vê-la ao vivo porque deve mesmo ser uma experiência única.
Dizes que eu iria gostar, acredito que sim. Mas neste momento da minha vida não seria, certamente, bom.
Sabes bem que aprecio um certo tipo de ambiência negra, soturna, decadente, gótica... e sei que Diamanda é muito isso. Negro, triste, arrasador, negativo (por muito que se diga que não é necessariamente negativo, é)... mas eu preciso de estar envolvido em algo oposto. Algo que me puxe para cima, que me anime, que me transmita luz, algo de muito positivo.
Neste momento ir a concerto desses seria calamitoso para mim.
Gostei mais do título que me tinhas anunciado para este post... "gotas de chuva em telha de zinco". Dramática, intensa, exuberante... quase transcendental... seriam tantos os adjectivos para descrever aqueles longos mas breves minutos de concerto. Não vou esquecer nunca a noite de dia 10 de Maio de 2008. A Lena fez-me uma foto LINDA para ajudar a recordar a noite...
De
Brama a 12 de Maio de 2008 às 20:15
Também não vou esquecer o dia em que tive oportunidade de voltar a ouvir aquele que é seguramente um dos aparelhos vocais mais prodigiosos do planeta Terra.
Estou à espera que me envies as fotos para o meu mail. Envia-me todas por favor
De Maria a 13 de Maio de 2008 às 09:30
Ainda bem que o meu menino gostou!!
A mim tinham mesmo que me dar uma pequena fortuna para presenciar tal "espectáculo"! Nunca mais me esqueço da reação da minha Oriana quando tu decidiste colocar uma música dela lá em casa, em altos berros! Quase que foi o 1.º caso de suicídio canino!!!
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