Esta semana o Sr. Primeiro Ministro, com aquele sorriso cínico a que já nos habituou de há quase 4 anos a esta parte, veio a público mostrar o seu contentamento pelos resultados obtidos na Escola pelos nossos jovens. Ao que parece, os nossos meninos e meninas empenharam-se de tal forma este ano lectivo que, houve uma baixa significativa na percentagem de níveis inferiores a três e classificações inferiores a dez valores, nos vários níveis de ensino. Mas esse mérito não se deveu só aos alunos, ahhhh pois é... O nosso querido Primeiro Ministro prontificou-se imediatamente a acrescentar que todos os intervenientes nestes processos de ensino-aprendizagem estão de parabéns por contribuir para a melhoria da Educação em Portugal, inclusivamente os professores, vejam lá vocês ... e o próprio Governo (claro ... que novidade!), que foi o motor dos grandes esforços em todos os aspectos, com o objectivo cimeiro da melhoria exponencial dos resultados e do sucesso educativo ... PALMAS PARA ELES. Na mesma notícia seguiu-se naturalmente a perpétua Ministra da Educação, Miss Lurdes Rodrigues, Luluzeca para os mais chegados, que realçou as palavra do nosso Primeiro ao mesmo tempo que esboçou um sorriso honesto (não por estar propriamente contente com os resultados, mas porque mostrou aos portugueses e especialmente ao professorado quem manda afinal na Escola Portuguesa, quem dita as regras que os pindéricos professorzecos têm de acatar manifestando-se ou não aos milhares pelas calles lisboetas e porque, claro está, limpou a casa govenativa junto da opinião pública plebeia, arredada que está da interpretação dos reais fundamentos deste sucesso escolar repentino ... só num único ano, não esqueçamos). Imediatamente a seguir, para constituir um reforço ainda mais positivo da ideia inicial e dando a máxima credibilidade a esta notícia bombástica, dois professores (julgo que presidentes do executivo nas respectivas escolas), vieram também mostrar a sua conivência com os pressupostos emanados superiormente, ao darem uma imagem de excelência por parte da actuação dos liderantes. Seguramente pertencerão às poucas escolas públicas alvo de dotação de mais e melhores equipamentos escolares (ou então advertidos a passar essa imagem na comunicação social sob pena de observarem com alguma periclitância o seu posicionamento profissional). Também há a possibilidade de terem ido a uma espécie de casting, sendo escolhidos entre os milhares candidatos a assumir, sob compromisso de honra, uma postura que mais não fosse que a extensão e consolidação dos princípios preconizados pela ordem doutrinária vigente. Assim sendo, temos melhores alunos, melhores docentes e certamente, melhores pais, mais atentos aos problemas dos seus educandos, mais informados, mais sensíveis às questões escolares, mais disponíveis e com melhor ambiente familiar promotor de um saudável enquadramento das criancinhas no caminho,por fim certeiro, pelo total desenvolvimento das capacidades cognitivas e competências práticas nesta tão complexa teia de ensino-aprendizagem.
No mesmo bloco informativo, numa notícia imediatamente a seguir, fica-se a saber que os casos de violência escolar aumentaram no último ano lectivo, existindo um maior número de queixas relativas a actos de violência juvenil considerados graves ?! ....
Em que ficamos afinal?! Estavam falando tão bem e já estão variando.
Como é que os nossos jovens estão mais estudiosos e aplicados (a comprovar pelos excelentes resultados escolares) e ao mesmo tempo, ofendem professores e funcionários, não respeitam regras elementares de educação e de convivência social, faltam ostensivamente ao cumprimento das normas instituídas nas escolas, desembocando por fim em actos de elevado índice de violência escolar?!...
Isto é no mínimo estranho ... mas como não há regra sem excepção, o mais certo é que de facto haja uma relação directamente proporcional entre o número de vezes que um aluno manda a professora à m**** (e estou a ser obviamente generoso no que concerne ao impropério), ou exige a entrega imediata do telemóvel ( a fazer uso do caso tão amplamente explorado nos media) e os satisfaz bem e excelentes que obtém nos testes de avaliação. Nem que seja para o professor cair nas graças do aluno e dos pais e já agora da Escola e da Ministra, podendo assim matar vários coelho com uma só cacetada: o aluno promete comportar-se bem na aula assistida da professora para esta ter boa nota, os bons resultados dos alunos revertem-se favoravelmente na avaliação da professora, a professora projecta uma imagem positiva de si mesma e do seu empenho junto do departamento, da Escola e do Ministério e todos fazem vénia em sinal de agradecimento. No final ganham todos mas sobretudo perde o aluno ... ele não tem consciência disso porque em tenra idade ainda é infinitamente estúpido mas tudo caminha no sentido dessa estupidez e irreflexão se perpetuarem no tempo. À semelhança da conduta política salazarista em relação ao seu povo (não interessaria este saber demais para não reclamar e contrapor a ordem), o aluno actual é sobretudo formatado para não pensar nem reflectir criticamente (esse exercício é politicamente impopular). Assim não percebe que está a ser enganado pelo sistema, não está efectivamente a aprender, é mais um número a figurar nas estatísticas de bom sucesso escolar fictício, cresce como um ser ignóbil, inculto, terá dificuldade em ingressar no mercado de trabalho, de elevada exigência e avidez por técnicos especializados ao invés de rebentos de soja e no final, acaba por ser recurso humano com uma boca mas improdutivo.
Mas não se pense que esta é a parte mais triste ... os professores, seres supostamente pensantes e num tempo, preparados academicamente para reflectir, interrelacionar, equacionar, ... , seguem exactamente o mesmo delírio dos seus discentes e a prova está aí.
Já está aberta a época de caça furtiva ... e este ano lectivo vai haver muito abate ... a titularidade avaliativa já está a formar-se devidamente para pôr o processo em andamento. É só esperar para "colher" umas quantas peças cinegéticas.
Brama
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