Na quarta-feira saímos bem cedo, pois o dia seria passado fora de Urfa. Fomos para Sul em direcção a Harran, embora tenhamos passado por várias pequenas localidades e estivemos a pouco mais de 5 kms da fronteira com o Norte da Síria. Em primeiro lugar, visitámos Gobekli Hill, uma interessante escavação arqueológica, actualmente considerada como o exemplo de arquitectura monumental ou santuário mais antigo do planeta.
Gobekli Hill
Depois seguimos então definitivamente para Harran, muito particular pelas suas características casinhas de telhados cónicos.
Casas Típicas de Harran
Aqui pudemos observar de perto uma interessante cerimónia fúnebre, não que fosse motivante participar num funeral mas, porque nos permitiu percepcionar algumas particularidades culturais. Assim que chegámos a Harran e saímos da camioneta, dirigimo-nos para uma mesquita que ficava ao lado de um cemitério. Para lá chegarmos, tivemos de seguir por um espaço ajardinado, no qual se encontravam várias mulheres sentadas com algumas crianças ao colo, vestidas de lilás e com as cabeças cobertas. Choravam compulsivamente, lamuriavam, erguiam as mãos aos céus e proferiam palavras de dor e de agonia. Resultante daquela angústia e pesar colectivo, as crianças, talvez sem saber de quê, choravam também. Alguns metros mais à frente tínhamos o cemitério, separado do jardim e da mesquita por uma espécie de arame farpado. Nele só se encontravam homens que procediam então ao enterro do corpo. O falecido era uma mulher. Depois então, ficámos a saber que só os homens têm o direito de acompanhar o corpo até ao seu destino final. Às mulheres está apenas reservado o direito de chorar e lamentar o falecimento a uma distância razoável. Foi interessante percepcionar esta realidade cultural, mas não deixou de ser triste perceber que, até na morte, existem em certas culturas incompreendidas discriminações.
Em Harran foi igualmente interessante conhecer a Universidade (ou as suas ruínas), mais antiga do mundo, isto é, a primeira Universidade construída pelo Homem na Terra.
Após uma pausa em que todos fomos vestidos com os trajes tradicionais da região por um grupo de homens e mulheres locais e após animada sessão fotográfica, sentámo-nos num patiozinho batido por um Sol muito reconfortante e comemos umas suculentas sandes de queijo fresco e tomate acompanhadas de umas bebidas que nos revigoraram a alma. Posteriormente visitámos umas estranhas grutas e o Castelo de Harran (em ruínas), assim como, Sogmatar Antik Sehri, uma espécie de monte, junto a uma escola (que também visitámos) e algumas galerias rochosas (adaptadas como currais para abrigo dos animais domésticos), com algumas esculturas de divindades esculpidas em relevo na própria rocha. Naquele monte sentámo-nos e descansámos um pouco.
Harran Castle
Depois voltámos à camioneta mas a festa continuou no caminho de regresso em que todos dançaram dentro do próprio autocarro ao ritmo de animada música curda, enquanto este baloiçava pelos tortuosos e pedregosos caminhos rurais.
Neste percurso pelos meios rurais próximos de Sanliurfa, foi possível percepcionar a pobreza extrema e o isolamento face a novos contactos humanos, em que vivem aquelas pessoas. Nos locais mais isolados e inóspitos, onde pensávamos ser os únicos seres, apareciam súbita e inexplicavelmente grupos de crianças de 3 e 4 anos de idade que nos acompanhavam, ou outros indivíduos e famílias sedentos de contacto com alguém diferente ou simplesmente curiosos por saber quem éramos. E era incrível, acontecia mesmo de um momento para o outro. No horizonte não víamos ninguém e … num segundo n crianças nos rodeavam. A minha colega achava que eles saíam por detrás das pedras. E é que só podia. No início estranhámos mas depois passou a ser normal e assumimos que aquilo era mesmo um acto de magia. Do interior da gruta, da mais profunda escuridão sai um fulano de uns 30 anos, de rádio ao ombro a ouvir alto e bom som, uma fervilhante e ritmada música turca que ecoava por aqueles altos rochedos acima, deixando-nos estupefactos. Numa agreste planície de terra e calhaus, surgem inexplicavelmente pequenas figurinhas de pouco mais de meio metro que, pese embora a escassa higiene, aparecem alegremente vestidas com as mais bizarras combinações de cores e, sem conversar connosco, seguem-nos para todo o lado como se não tivessem amanhã. Aceitam tudo o que se lhes dá e até um singelo lenço de papel lhes parece um diamante de 20 quilates ornado de esmeraldas e rubis. Eu estava sem palavras olhando para aquelas pequenas criaturas e imaginando como passariam os dias naquelas planuras sem vida. Visitámos a casa de uma senhora e claro, apercebemo-nos imediatamente da miséria em que vivia. Abriu-nos a casa como se nos conhecesse desde sempre, duas divisões, numa um pequeno fogão e alguns panos e tachos, noutra uns panos no chão e uns montes de toalhas, cobertores e outras roupagens. Ali dormiam todos os seus cinco filhos, sendo que o mais velho tinha sete anos e um outro (o sexto filho) já viria a caminho, dada a forma convexa daquela mulher que, pensávamos nós ter uns 40 anos de idade, pela aparência física, mas que, na verdade, não passava dos 26.
Como o dia foi um pouco extenuante embora inesquecível, ficámo-nos pelo hotel onde jantámos.
Brama
Duas das pessoas que nos vestiram os trajes tradicionais em Harran
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