"A atitude humana pode ser tão súbtil que, cada vez mais, as várias máscaras parecem rostos."
Da minha colega,
Mª Clara
Time (Interlude)
(sung by Timi Yuro)
Time is like a dream
And now for a time you are mine
Let's hold fast to the dream
That tastes and sparkles like wine
Who knows if it's real
Or just something we're both dreaming of
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love
Loving you is a world that's strange
So much more than my heart can hold
Loving you makes the whole world change
Loving you I could not grow old
No, nobody knows when love will end
So till then, sweet friend
Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece a paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelo e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa, andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entrave,
Que os vossos filhos vos virem a cara.
In, Se Isto é um Homem
Primo Levi
Diário da República, 2ª Série, nº51, 12 de Março de 2008
(Encontrado aqui e podem confirmar em http://www.dre.pt/pdf2sdip/2008/03/051000000/1067010674.pdf
Leiam bem:
Mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe
Portanto ... trata-se mesmo de mestrado. Portanto ... estou tão estupefacto que não resisti.
Embora ela não vá ver isto, o que é uma pena pois então, dedico-lhe estas três músicas que marcaram a sua juventude. A última é uma das suas músicas preferidas de sempre.
"Mais do que morrer sozinho, o grande medo é viver sozinho e envelhecer como tal."
Saíu-me esta frase num comentário a um outro blog e ... gostei ... no imediato fez e faz todo o sentido. Morrer é um momento mais ou menos doloroso ... mais penoso se for na solidão. Viver sozinho e persistir como tal, talvez por opção, talvez por assim se preferir ao invés de não viver, sofrivelmente acompanhado, acaba por ser morrer todos os dias um pouco, lenta e sofridamente. Enquanto jovens esta ideia pode ser mais ou menos dissimulada e salpicada de outros matizes ou camuflada de interesses vários e dispersos, de preferência com o propósito de não parar para sequer pensar nisto : "_Estou sozinho mas estou bem e assim quero continuar!". Mas os anos passam e as faculdades físicas e mentais poder-se-ão perder no tempo, pouco a pouco, deixando-nos a irremediável sensação de que não podemos tudo. Envelhecer é o que realmente me assusta e entristece. Envelhecer sozinho aterroriza-me a ponto de ficar fisicamente indisposto. A ideia desta evidência ser muito provável nos tempos do Homem actual deixa-me em agonia, na certeza de que a morte poderia surpreender-me antes do fim dos tempos, apanhar-me de surpresa mas sem dor, imiscuir-se no silêncio sem se permitir a ser consciente ... absolutamente letal e apagar-me desta espécie de vida numa fracção de segundo. Num espaço de tempo óptimo ( não para já, claro!), seria bem-vinda ou, pelo menos, o menos pesaroso dos males. Mais do que a dor da morte, o que não me agrada mesmo é a dor de uma vida que não é a nossa, a sensação de fraude, de insuficiência, de frustração por não nos terem consultado sobre o que queríamos quando nos colocaram neste espectáculo animado, neste palco que afinal, não raras vezes, é apenas uma galeria das traseiras. Quem me conhece sabe que eu quero o palco e não um palco qualquer ...
Talvez esteja a ser muito egoísta, admito que sim, até porque nada me agride mais que a morte de pessoas queridas ...
No fim, não seremos todos verdadeiramente egoístas?! ... no fim último, não estaremos todos muito sós?! ... no fim, não bebemos todos da prisão dos nossos infernos pessoais?! ...
Brama
Um exemplo da nova forma de controlo que nos espera no futuro.
-TELEFONISTA: Pizza Hut, boa noite!
- CLIENTE: Boa noite, quero encomendar Pizzas...
- TELEFONISTA: Pode-me dar o seu NIN?
- CLIENTE: Sim, o meu Número de Identificação Nacional é o 6102 1993 8456 5463 2107.
- TELEFONISTA: Obrigada, Sr. Lacerda. O seu endereço é na Avenida Paes de
Barros, 19, Apartamento 11, e o número do seu telefone é o 21549 4236, certo?
O telefone do seu escritório na Liberty Seguros, é o 21 574 52 30 e o seu telemóvel
é o 96 266 25 66, correcto?
- CLIENTE: Como é que conseguiu todas essas informações?
- TELEFONISTA: Porque estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.
- CLIENTE: Ah, sim, é verdade! Quero encomendar duas Pizzas: uma Quatro
Queijos e outra Calabresa...
- TELEFONISTA: Talvez não seja boa ideia...
- CLIENTE: O quê...?
- TELEFONISTA: Consta na sua ficha médica que o senhor sofre de hipertensão
e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de
vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a saúde.
- CLIENTE: Claro! Tem razão! O que é que sugere?
- TELEFONISTA: Por que é que não experimenta a nossa Pizza Superlight, com
Tofu e Rabanetes? O senhor vai adorar!
- CLIENTE: Como é que sabe que vou adorar?
- TELEFONISTA: O senhor consultou a página 'Receitas Gulosas com Soja' da
Biblioteca Municipal, no dia 15 de Janeiro, às 14:27 e permaneceu
ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...
- CLIENTE: Ok, está bem! Mande-me então duas Pizzas tamanho familiar!
- TELEFONISTA: É a escolha certa para o senhor, a sua esposa e os vossos
quatro filhos, pode ter a certeza.
- CLIENTE: Quanto é?
- TELEFONISTA: São 49,99.
- CLIENTE: Quer o número do meu Cartão de Crédito?
- TELEFONISTA: Lamento, mas o senhor vai ter que pagar em dinheiro. O
limite do seu Cartão de Crédito foi ultrapassado.
- CLIENTE: Tudo bem. Posso ir ao Multibanco levantar dinheiro antes que
chegue a Pizza.
- TELEFONISTA: Duvido que consiga. A sua Conta de Depósito à Ordem está com
o saldo negativo.
- CLIENTE: Meta-se na sua vida! Mande-me as Pizzas que eu arranjo o
dinheiro. Quando é que entregam?
- TELEFONISTA: Estamos um pouco atrasados. Serão entregues em 45 minutos.
Se estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar
duas Pizzas na moto, não é lá muito aconselhável. Além de ser perigoso...
- CLIENTE: Mas que história é essa? Como é que sabe que eu vou de moto?
- TELEFONISTA: Peço desculpa, mas reparei aqui que não pagou as últimas
prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga e
então, pensei que fosse utilizá-la.
- Cliente: Foooddddddd.......!!!!!!!!!
- TELEFONISTA: Gostaria de pedir-lhe para não ser mal educado... Não se
esqueça de que já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em
público a um Agente da Autoridade
- CLIENTE: (Silêncio).
- Telefonista: Mais alguma coisa?
- CLIENTE: Não. É só isso... Não. Espere... Não se esqueça dos 2 litros de
Coca-Cola que constam na promoção.
- TELEFONISTA: O regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo
095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas
diabéticas...
- CLIENTE: Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou atirar-me pela janela!!!!!
- TELEFONISTA: E torcer um pé? O senhor mora no rés-do-chão...!
Uma Diamanda a que não estamos habituados ...
Quando nos dirigimos a uma sala de cinema com o propósito de ver uma película de terror, que sensações esperamos obter?
Com REC de Jaume Balagueró e Paco Plaza, realizado em Espanha em Novembro de 2007, a concretização da esperada resposta à anterior questão parece não só estar garantida como exponencialmente conseguida. Usando o conceito básico de um outro filme, The Blair Witch Project, com o qual, mal começou, estabeleci imediata analogia mas, dando-lhe muito mais requinte de horror, REC reúne todos os ingredientes que, pessoalmente, espero de um bom filme do género. Não sei se pelo facto de estar numa sala de cinema relativamente acolhedora e mais intimista, onde estávamos tão somente três pessoas, o certo é que, honestamente experimentei a mais genuína sensação de pânico e horror que, com a certeza de a situação não ser real, é possível sentir. O filme é de grande simplicidade na concepção, com a necessária crueza que agradeço em filmes do género, sem os artifícios que minimizam o desejado alcance. A cadência dos acontecimentos é quase perfeita e as interpretações muito boas. Destaque para o fantástico desempenho de Manuela Velasco, no papel da repórter Angela Vidal sempre acompanhada de Pablo, o cameraman. Achei piada ter identificado imediatamente que o filme tinha lugar na cidade de Barcelona, quando apenas dava para ver uma rua. Isto levou-me a supor que, qualquer coisa na arquitectura da capital catalã é mesmo muito particular embora, não aprecie particularmente esta cidade.
Não foi por acaso que este filme venceu o Grande Prémio Fantasporto 2008 de Cinema Fantástico onde um agradecido público aplaudiu mais de 5 minutos, a que se juntou o Prémio do Público. Esta vitória vem reforçar a forte vitalidade que o cinema espanhol tem demonstrado nos últimos anos.
A versatilidade musical desta banda londrina do início da década de 90, é absolutamente curiosa. O primeiro tema é do seu primeiro álbum "Madra" de 1991. O segundo tema é do álbum "Fairytales of Slavery", de 1994, quarto álbum do grupo.
Do grande Mestre da Guitarra Portuguesa, Carlos Paredes
É do conhecimento público que o senhor Miguel de Sousa Tavares considerou 'os professores os inúteis mais bem pagos deste país.' Espantar-me-ia uma afirmação tão generalista e imoral, não conhecesse já outras afirmações que não diferem muito desta, quer na forma, quer na índole. Não lhe parece que há inúteis, que fazem coisas inúteis e escrevem coisas inúteis, que são pagos a peso de ouro? Não lhe parece que deveria ter dirigido as suas aberrações a gente que, neste deprimente país, tem mais do que uma sinecura e assim enche os bolsos? Não será esse o seu caso? O que escreveu é um atentado à cultura portuguesa, à educação e aos seus intervenientes, alunos e professores. Alunos e professores de ontem e de hoje, porque eu já fui aluna, logo de 'inúteis', como o senhor também terá sido. Ou pensa hoje de forma diferente para estar de acordo com o sistema?
O senhor tem filhos? – a minha ignorância a este respeito deve-se ao facto de não ser muito dada a ler revistas cor-de-rosa. Se os tem, e se estudam, teve, por acaso, a frontalidade de encarar os seus professores e dizer-lhes que 'são os inúteis mais bem pagos do país.'? Não me parece… Estudam os seus filhos em escolas públicas ou privadas? É que a coisa muda de figura! Há escolas privadas onde se pagam substancialmente as notas dos alunos, que os professores 'inúteis' são obrigados a atribuir. A alarvidade que escreveu, além de ser insultuosa, revela muita ignorância em relação à educação e ao ensino. E, quem é ignorante, não deve julgar sem conhecimento de causa. Sei que é escritor, porém nunca li qualquer livro seu, por isso não emito julgamentos sobre aquilo que desconheço. Entende ou quer que a professora explique de novo?
Sou professora de Português com imenso prazer. Oxalá nunca nenhuma das suas obras venha a integrar os programas da disciplina, pois acredito que nenhum dos 'inúteis' a que se referiu a leccionasse com prazer. Com prazer e paixão tenho leccionado, ao longo dos meus vinte e sete anos de serviço, a obra de sua mãe, Sophia de Mello Breyner Andersen, que reverencio. O senhor é a prova inequívoca que nem sempre uma sã e bela árvore dá são e belo fruto. Tenho dificuldade em interiorizar que tenha sido ela quem o ensinou a escrever. A sua ilustre mãe era uma humanista convicta. Que pena não ter interiorizado essa lição! A lição do humanismo que não julga sem provas! Já visitou, por acaso, alguma escola pública? Já se deu ao trabalho de ler, com atenção, o documento sobre a avaliação dos professores? Não, claro que não. É mais cómodo fazer afirmações bombásticas, que agitem, no mau sentido, a opinião pública, para assim se auto-publicitar.
Sei que, num jornal desportivo, escreve, de vez em quando, umas crónicas e que defende muito bem o seu clube. Alguma vez lhe ocorreu, quando o seu clube perde, com clubes da terceira divisão, escrever que 'os jogadores de futebol são os inúteis mais bem pagos do país.'? Alguma vez lhe ocorreu escrever que há dirigentes desportivos que 'são os inúteis' mais protegidos do país? Presumo que não, e não tenho qualquer dúvida de que deve entender mais de futebol do que de Educação. Alguma vez lhe ocorreu escrever que os advogados 'são os inúteis mais bem pagos do país'? Ou os políticos? Não, acredito que não, embora também não tenha dúvidas de que deve estar mais familiarizado com essas áreas. Não tenho nada contra os jogadores de futebol, nada contra os dirigentes desportivos, nada contra os advogados. Porque não são eles que me impedem de exercer, com dignidade, a minha profissão. Tenho sim contra os políticos arrogantes, prepotentes, desumanos e inúteis, que querem fazer da educação o caixote do( falso) sucesso para posterior envio para a Europa e para o mundo. Tenho contra pseudo-jornalistas, como o senhor, que são, juntamente com os políticos, 'os inúteis mais bem pagos do país', que se arvoram em salvadores da pátria, quando o que lhes interessa é o seu próprio umbigo.
Assim sendo, sr. Miguel de Sousa Tavares, informe-se, que a informaçãozinha é bem necessária antes de 'escrevinhar' alarvices sobre quem dá a este país, além de grandes lições nas aulas, a alunos que são a razão de ser do professor, lições de democracia ao país. Mas o senhor não entende! Para si, democracia deve ser estar do lado de quem convém.
Por isso, não posso deixar de lhe transmitir uma mensagem com que termina um texto da sua sábia mãe:
'Perdoai-lhes, Senhor
Ana Maria Gomes
Escola Secundária de Barcelos
Photo by Kristofer Buckler
Guilty Guilty Guilty, o seu 17º álbum já aí está para ser ouvido. Seguindo uma linha muito similar ao anterior "La Serpenta Canta", o álbum é composto por apenas 7 temas, respectivamente: 8 Men and 4 Women, de O.V. Wright; Long Black Veil, de Johnny Cash; Down So Low, de Tracy Nelson; Interlude (Time), de Timi Yuro; Autumn Leaves, de si própria; O Death, de Ralph Stanley; e Heaven Have Mercy, tornada famosa por Edith Piaf.
Daqui a exactamente um mês, este seu trabalho será dado a conhecer na Aula Magna de Lisboa, precedido de uma anterior apresentação na Casa da Música do Porto.
We all get angry. Anger is one of the most basic human emotions. It is a physical and mental response to a threat or something that has already happened.
Anger takes many different forms from irritation to blinding rage or resentment that festers over many years. Anger is different for each of us.
Anger is necessary to our survival as individuals and in communities. But it can do harm to individual health and wellbeing and it can occasionally contribute to violence and tragedy.
Most of us deal with anger in a healthy way. But for some of us anger can sometimes become a problem. Even if you don't always express anger, it doesn't mean you don't feel it.
Problem anger has been linked to a range of physical, mental health and social problems.
Don't let anger get the better of you...
Tenho de me esforçar mais ... o autismo é o caminho!
De cima para baixo:
The Gherkin
London City Hall
British Museum Great Court
Sob uma belíssima cúpula de Norman Foster, ascendemos pelas metálicas escadas rolantes da moderna estação de metro de Canary Wharf e ao saírmos, observamos em redor uma Londres diferente das outras que esta camaleónica e cosmopolita urbe europeia nos pode ofertar. O futurismo da paisagem urbana de vidro e aço desta nova Londres surpreende pela grandiosidade, pela altura e sobretudo, pelo contraste face às outras diferentes paisagens em que Londres se converte, aquelas às quais já nos habituámos. Canary Wharf deve a sua designação às mercadorias que aqui chegavam, oriundas das Ilhas Canárias. Esta antiga zona de docas, algo abandonada e degradada, adquiriu esta nova pele, transformando-se assim num centro financeiro, onde se localizam algumas sedes de bancos e diversas empresas. Apesar do aspecto algo frio deste tipo de áreas de arquitectura futurista, senti-me confortável pela sensação de limpeza que as cores neutras, o geometrismo das linhas e a amplitude de espaço proporciona. Toda a área envolvente é esteticamente agradável e apetece deambular por ali demoradamente; respira-se real desenvolvimento.
Dali seguimos para Greenwich, através do Docklands Light Railway, um comboio que se desloca sem que alguém o conduza. Greenwich é efectivamente uma zona de Londres bastante agradável e para um geógrafo ou historiador, deveria ser de passagem obrigatória na capital inglesa. Ainda antes, deslocámo-nos por um túnel algo extenso que passa por debaixo do Tamisa. É algo assustador sobretudo quando observamos que, do tecto do túnel pingam algumas gotas de água. Chegados ao Royal Observatory Greenwich, temos uma belíssima vista panorâmica sobre Greenwich e Canary Wharf. Ali estivemos algum tempo, aproveitando os escassos raios de Sol que pontualmente aquecem as almas londrinas.
Naturalmente que, tal como todos os turistas transeuntes, tive de colocar um pé a este e outro a oeste do semimeridiano de referência, de longitude zero.
Estivemos algum tempo a circular pelo Royal Observatory e culminámos, antes do regresso, no Museu Marítimo, já referido em post anterior.
Em Londres, tivemos uma sorte incrível no dia escolhido para vir a Greenwich, de resto o único em que não choveu e alguma luminosidade nos acalentou.
Não é fácil, não é mesmo. Por muito que tente manter uma certa serenidade e descontracção, ainda que relativa, tudo o que possa ser mau e desagradável vem ter connosco nesta profissão. Esta semana já somei quatro reuniões, uma de encarregados de educação, outra dos cursos EFA, outra de Dt's e outra ainda de departamento. Se for ousado e somar todas as horas em que estarei com uma turma numa visita de estudo na sexta-feira, julgo que a juntar ao horário habitual, já terei excedido as 35 horas semanais. Note-se que, neste panorama bem preenchido, horas dedicadas ao trabalho individual para as turmas serão de zero. É a triste realidade do professor actual. Para a próxima semana serão mais umas quatro reuniões, pelo menos até ao momento. O dia começou em grande, após um bloco de 90 minutos de um esforço titânico para cumprir programa disciplinar, contra o normal desinteresse dos alunos, eis que fico a saber que duas alunas de uma das minhas direcções de turma se envolveram com outras duas de outras turmas, numa acalorada luta corporal. Adivinhem quem será com toda a certeza instrutor do procedimento disciplinar??? Adorei começar bem o dia.
De tarde tenho uma reunião de Dt's em que uma entendida personalidade da Direcção Regional se dignou a prestar esclarecimentos sobre a nova lei dos alunos com Necessidades Educativas Especiais. Mais secante dificilmente poderia ser e do pouco que consegui ouvir, dado o baixo e monocórdico tom de voz da jovem, impossível de ouvir na parte traseira da sala e óptimo para embalar (não consegui sequer imaginar esta senhora a dar uma aula de 90 minutos a uma turma do básico), juro que fiquei com mais dúvidas do que aquelas que já tinha. Tenho absoluta certeza de que, tirando o facto de todos termos ficado mais esclarecidos de que ao director de turma caberá ainda mais trabalho, papéis e relatórios, o conteúdo em si do que foi ali dito, foi quase imperceptível. As cabeças iluminadas que estão lá em cima não têm mesmo noção da realidade de um professor no seu dia-a-dia escolar. É impressionante como se pode ser tão infinitamente estúpido ao ponto de não se perceber que toda esta complexidade legislativa e burocrática só pode levar a uma caótica imersão em papelada estéril.
Passo para a nossa reunião de departamento (eu e mais colegas tivemos forçosamente de interromper a senhora, pois esta não se calava mais e vimos jeito daquele massacre se perpetuar no tempo) e entre diversas informações, parece que questões relativas à avaliação permanecem em segredo. O mesmo será dizer que, o nosso Ministério prefere continuar a "brincadeira" e trata secretamente uma questão fundamental da nossa vida profissional. Talvez esse secretismo seja uma manobra política e assim apazigue um pouco a turbulência e as reclamações dos docentes. Uma coisa é certa, independentemente de tudo, fica claro que, caso os professores contratados não sejam avaliados, estes não poderão concorrer no próximo ano lectivo. Já viram golpe mais baixo do Ministério que nos tutela! Os professores contratados são então os reféns utilizados pelo Ministério, as cobaias manuseadas por forma a impingir uma avaliação forçada por parte das escolas que, com toda a boa fé, não pretenderão de todo prejudicar os colegas contratados. É portanto o Reino do Absolutismo, em que Maria de Lurdes e respectivos concubinas mais toda a comitiva umbilicalmente ligada acima e abaixo na rede das hieraquias, vestem a pele de Luís XIV e mostram quem manda afinal.
Realmente sinto-me mesmo desencantado com esta profissão. Como se não bastasse tudo isto, o dia de trabalho termina (na escola, note-se!), com uma novidade que, no meio de toda a interessante panorâmica, ainda não havia dado conta. Pois é, após vários anos de "congelamento salarial", eis que me apercebo que, com toda esta reformulação de escalões, só irei mudar de escalão (se a minha avaliação assim o permitir), em 2012. Não é motivante?
Durante estes anos, os professores foram a classe profisional que perdeu mais poder de compra mas, ao que parece, essa situação manter-se-á por mais uns belos anos. Afinal, em 2012 vou estar a receber exactamente o mesmo montante. É extraordinário depreender quanto dinheiro de todos os docentes deste país, o Governo vai meter ao bolso. Não há dúvidas que, tenho todos os motivos para me sentir motivado profissionalmente. Quanto mais me apercebo da triste e injusta realidade do que é tentar viver de forma honesta neste país, mais começo a dar razão a quem sempre prevaricou e se soube aproveitar do sistema. É triste dizê-lo mas este país não tem solução à vista e isto não é uma visão pessimista ... é realista.
PS: Já agora, para quem quiser ler, deixo uma sugestão até interessante para o nosso Governo: porque não dotar todas as instituições de ensino público de uma área mais ou menos aceitável de uns quantos hectares de arvoredo?! Era uma forma de encaminhar os nossos alunos para um espaço aprazível de relaxamento e inspiração, após agressão física e verbal aos docentes que ousassem adverti-los ou quiçá, retirar-lhes o telemóvel na aula. Por outro lado, toda a madeira poderia ser utilizada na produção das toneladas de papel que o nosso Ministério solicita às escolas. Os alunos submetidos a sanção disciplinar poderiam, por exemplo, dedicar-se a semear novas árvores no local das abatidas e o ciclo decorreria com equilíbrio e normalidade. Fica a sugestão!
Em Londres, estive em cinco museus: Tate Modern, Natural History Museum, Victoria & Albert (não deu para ver em condições, pois estava quase a fechar), National Maritime Museum e British Museum ( nesta altura já não via nada à frente e deambulva pelas salas qual zombie).
Talvez por desconhecer a sua existência, o Museu Marítimo Nacional, de resto o maior museu marítimo do mundo, localizado em parte do Royal Naval Hospital de Wren, revelou-se uma agradável surpresa; é de facto um museu muito bonito. Gostei de ver o Museu de História Natural embora tenha ficado um pouco aquém das minhas expectativas. Foi um pouco cansativo porque o museu é bastante grande e apesar de lá ter estado algumas horas, não foi possível ver tudo. Ao mesmo tempo, estava sobrelotado de pessoas. Desesperei algumas vezes quando não me conseguia aproximar de alguns esqueletos e pseudo-esqueletos de dinossauros, porque dezenas de crianças de tenra idade se apinhavam freneticamente armados de papéis, cadernos, lápis de cor e todo o material associado, desenhando e pintando frente aos fósseis, num berreiro ensurdecedor; achava eu que em Londres estaria mais calmo e temporariamente afastado de alunos. Como referi o Victoria & Albert foi visto de rajada já que o tempo de abertura era escasso (deu para fotografar um vestido qualquer que toda a gente fotografava, branco e repleto de umas pequenas pérolas, famoso por ter sido envergado pela Diana). No British Museum eu já não era eu, a má disposição e o cansaço eram tais que me lembro de nem já sentir as pernas. Sei que passei por umas quantas salas repletas de sarcófagos todos trabalhados, fotografados por mil asiáticos de olhos em bico, assim como, artesanato egípcio, da Grécia Antiga, dos Sumérios, entre outros. Entristeci ao perceber que ainda estava a dar atenção a todo aquele património descaradamente roubado pela Coroa Britânica ao resto do mundo.
Mas pronto, o que me encantou verdadeiramente, foi a grande racha da escultora colombiana Doris Salcedo da Tate Modern.
E perguntam vocês: _ Mas que raio de racha vem a ser essa?
Pois, é correctamente denominada pela própria artista, de Shibboleth. O Shibboleth é então uma fenda enorme, de mais de 100 metros de extensão, concebida pela escultora na Turbine Hall da Tate. Esta fenda, mais estreita nuns pontos e mais ampla noutros, pretende simbolizar, na óptica da sua criadora, o secular domínio da Colômbia pelo Império Espanhol, sendo Shibboleth uma espécie de evocação aos destroços deixados no seu país. A fenda aberta é, simultaneamente, uma alusão à passagem do rio Jordão narrada no livro dos Juízes da Bíblia. Bem, tenha lá a justificação que tiver, adorei a ideia da artista ter espatifado o chão todo da Tate, rachadura essa fotografada uns bons milhares de vezes por dia (de resto a grande atracção do momento na galeria), para depois receber uns quantos milhares de libras, pagas ao metro de racha. É que na verdade há rachas e rachas e esta é bem paga.
Entretanto não deixava de ser engraçado o alerta dos folhetos que nos distribuíam, dos quais constava o seguinte:
WARNING
DANGER OF FALLING
PLEASE KEEP CHILDREN
UNDER SUPERVISION
Esbocei um sorriso porque, com toda a certeza via-se melhor a racha no chão do que os folhetos. E até ao maior dos distraídos não seria indiferente a maior densidade demográfica que circulava em redor da racha.
Anouk Stotijn-Teeuwe nasceu em Den Haag a 8 de Abril de 1975. O meu primeiro contacto com esta cantora e compositora neerlandesa deu-se com o tema "Nobody's Wife" do álbum "Together Alone" de 1997, tinha a moça 22 anos. O meu amigo Graduated Fool achava por bem associar a minha personalidade à letra desta música.
No hurry, I'll be waiting for you My baby, now don't you worry I'll be fine Just take your time To make up your mind Draw a line Or flip a dime Waiting for you It's easy, if you want to please me Don't tell me maybe Come back home complete me No strings attached That's a promise I can't keep So I waste my time With lazy crazy dreaming A sparkling wine A twist of lime A whisky soda, hole in time When you're not here Don't say you're sorry Don't say it No Don't say you're sorry
Na tarde do dia 24 de Março, em Haia, eis que nos encontramos a tomar café numa das n galerias de arte da avenida de maior concentração de espaços de âmbito artístico dos Países Baixos, enquanto visionávamos telas dos artistas Poen de Wijs e Marion van Nieuwpoort e esculturas de Margot Homan. Entretanto o Javier, argentino de extraordinário british accent, tecia algumas considerações sobre as obras e a galeria.
Marion van Nieuwpoort
Contrariamente a outros grupos de transeuntes que turisticamente circulavam pela zona Red Light de Amesterdão, não consegui sentir este espaço com a mesma boa disposição e leveza. Senti antes alguma tristeza, pena e talvez pela forma, pareceu-me que, mais do que uma prova de progresso e respeito pelas liberdades individuais, estava ali patente uma clara evidência de degradação humana. Poderei estar a fazer uma avaliação quiçá condicionada pelo meu cérebro lusitano (é uma possibilidade), mas creio que há uma grande confusão de conceitos e valores.
Talvez tenha sido uma questão de ter ficado negativamente surpreendido, quando supunha ser esta zona apenas uma ou duas ruas mais recônditas e me deparei com um bairro de várias ruas do mesmo. Talvez esperasse que, exactamente por ser a Holanda um país pioneiro no respeito pela igualdade e pelas liberdades individuais, fosse presenciar uma atitude mais adulta e madura na intercomunicação entre as prostitutas e os observadores destas, quando não foi essa a sensação com que fiquei. Efectivamente o ambiente pareceu-me do mais primário deboche, que constrasta em absoluto com o que concebo como uma sociedade na linha da frente em questões desta natureza. Observei situações algo desagradáveis como por exemplo, um grupo de miúdos que não deveriam ter mais de 14 ou 15 anos, a gozar descaradamente com algumas das prostitutas em exposição nas vitrines, sendo que o feedback da parte destas não me pareceu ser de agradabilidade para com a atitude daqueles.
Notei que a atitude e a expressão das raparigas, de várias etnias, algumas elegantes, outras bastante roliças, algumas belíssimas, outras nem tanto, umas com muito bom aspecto, outras algo péssimas, variava muito. Enquanto umas aparentavam boa disposição, simpatia e se esforçavam por manter uma agradável comunicação com o público que passava e as observa como se de animais enjaulados de uma qualquer actividade circense se tratassem, outras pareciam algo revoltadas, desagradadas, contrariadas e esforçavam-se por expôr uma expressão de arrogância e antipatia, evitando o mais possível confrontar os seus observadores nos olhos. Não me esqueci da imagem de uma rapariga de pele clara, com traços de leste, sentada num banco, que se apresentava cabisbaixa com uma coleira e o ar mais infeliz deste mundo, assemelhando-se a um cão lazarento que havia sido espancado. Não consegui evitar a perturbação que aquela imagem me causou. Estaria ela ali de livre vontade?! Será que estaria contrariada sentada naquele banco?! Foi uma questão que imediatamente coloquei a mim mesmo.
A prostituição é então uma actividade profissional idêntica a qualquer outra na Holanda, estando como tal legalizada. Não me pareceu que aquele ambiente ali patente fosse o de uma profissão como outra qualquer e como tal, respeitada e considerada.
Ao ser a prostituição uma actividade profissional legalizada, será necessário assumir esta forma?
Será mais honesto e menos hipócrita expôr as prostitutas numa vitrine como o produto a consumir, como até já se faz quanto a mim negativamente, com outro qualquer animal enjaulado para usufruto do público?
Será que é mesmo esta a forma que expressa uma maior consideração e respeito pelas profissionais do sexo?
Na minha opinião, não é.
(Imagem retirada da Net)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Crato no "Mundo Perdido" ...
. Crato no "Mundo Perdido" ...
. Crato no "Mundo Perdido" ...
. Sem "papas na língua", co...
. Que seria de nós sem um G...
. Como estamos em Ditadura ...
. É assim que Shanghai pens...
. Só para relaxar um pouco ...
. Mulher que mata qualquer ...
. She give me money ... whe...
. Inté