Confesso que a minha alma está parva. Pensei que a Charice Pempengco fosse um fenómeno quase único e que nada mais me deixasse petrificado depois da sua apresentação nos EUA, no programa da Ellen deGeneres. Agora creio que estas petizes são semeadas numa horta qualquer.
De onde é que surgiu esta Jessica Sanchez, da qual nunca tinha ouvido falar?! Alguém me sabe dizer? Fiquei tão aparvalhado que nem sei o que escolher para pôr aqui.
Bem, no primeiro vídeo a criatura tem tão somente 10 anos, ... o resto fica à consideração.
Hoje chegara mais cedo daquele escritório que já não suportava mais. Estava farta daquele ambiente artificial, de toda a etiqueta no trato e na indumentária, da quantidade de documentos de extrema responsabilidade, a que tinha de dar resposta e despacho diariamente e das víboras das suas coleguinhas que todos os dias a cumprimentavam com os seus sorrisinhos cínicos, quando ela sabia que a invejavam por todos os motivos. Invejavam a sua beleza, porque tinha consciência dos seus evidentes atributos físicos, invejavam o lugar de destaque que ocupava na empresa, certamente supondo que o teria conseguido à custa de dormir com o director. Esqueciam-se no entanto que, nos últimos cinco anos, tinha sido ela a principal responsável pelo sucesso da empresa e pela sua elevada taxa de produtividade. Sem ela, a empresa não teria sobrevivido face a tanta concorrência. Subestimariam certamente as suas capacidades, cegas que ficavam quando todas as manhãs a viam entrar bombasticamente no departamento de Gestão. Odiava os seus cumprimentos matinais exagerados, quando percebia que a estudavam invejosas, da ponta dos seus fulgurantes cabelos negros até ao limite dos saltos de agulha. Eram umas cabras dumas cínicas e porém, não se tocavam quando lhes devolvia o cumprimento secamente e sem mais delongas.
Tinha entrado no seu jardim, já há muito tempo repleto de ervas daninhas ... perdera a paciência para o cuidar impreterivelmente todos os fins-de-semana e aparar toda aquela relva que o circundava. Apenas continuava a ter cuidado em cortar as pontas da hera que se esgueirava pelo portal acima. Entrara em casa, subira as escadas, entrara no seu quarto, descalçara os fatídicos saltos de agulha e esticara-se um pouco na cama. Inspirou profundamente, esticou os pés doridos e rapidamente se perdeu em pensamentos, fazendo um balanço da sua vida. Percebeu como estava a viver uma vida errada, aquela não era a sua vida, a vida por que tinha ambicionado desde pequena. Desde que se lembra, que sonhara em ser designer de interiores ou jornalista, porém e apesar de ser uma excelente profissional naquilo que fazia, não se sentia realizada atrás de uma secretária a assinar documentos, preencher formulários e tabelas, preparar orçamentos, ... todo um trabalho estéril, estúpido e repetitivo, num ambiente ainda mais estupidificante, artificial, desinteressante e pleno de relações de interesse. Tinha-se imaginado ao lado de um homem culto, instruído e charmoso e com dois ou três filhos lindos que correriam para ela, para a abraçar e beijar quando entrasse em casa, ao fim de um cansativo dia de trabalho. No entanto, só encontrara homens estúpidos e ignorantes que a admiravam mais pelos seus fogosos e voluptuosos seios e pelas suas salivantes e firmes nádegas de marfim, do que pela sua inteligência e, quando entrava em casa, depois de um dia de trabalho, apenas era abraçada pelo esmagador silêncio e pelo peso da solidão. De que lhe valera tanta beleza, que ainda permanecia quase plena apesar dos seus 42 anos, se só atraía homens brutos e mal casados sedentos por experimentar aquilo que improvavelmente teriam em casa e a suas cínicas coleguinhas que, com 25 e 30 anos, só conseguiriam enfiar as suas calças justas e apertadas, no pescoço ... se elas sequer supusessem como ela se sentia uma mulher frustrada e incompleta, talvez a começassem a ver com outros olhos. Mas não, era melhor assim, continuariam a vê-la entrar no escritório para cumprir as suas funções sem mácula e sempre de cabeça erguida ... claro que as suas coleguinhas não poderiam jamais percepcionar a sua tristeza, seria um regozijo para elas. Deixariam de sentir inveja para nutrir alguma pena e ela era demasiado orgulhosa para lhes dar esse gostinho e no final de contas, só se sente inveja de quem se admira de alguma forma. Apesar de as odiar de morte, a sua inveja ainda era o alimento que a mantinha de pé um dia depois do outro e ela precisava desse alimento, quase mais do que a própria vida. Perdida nestes pensamentos, apercebeu-se de um som de crianças rindo e gritando, vindo do exterior. Levantou-se de sobressalto e aproximou-se da janela do quarto. Desviou discretamente a cortina verde e rapidamente se apercebeu que se tratava dos filhos dos vizinhos da casa ao lado. Brincavam no jardim alegremente, tentando molhar-se um ao outro com a mangueira e rindo de satisfação, enquanto o pai, aquele homem corpulento e que a cumprimentava todos os dias educadamente na sua voz calma e grave, podava as trepadeiras e um salgueiro-chorão frondoso, que nos dias mais quentes, refrescava a sua própria casa, pela sombra que lhe proporcionava. Tinha as mangas da camisa arregaçadas, deixando transparecer dois braços tonificados e vigorosos ao mesmo tempo que cortava os ramos com firmeza e a segurança de um homem com convicções próprias. Imaginou aquelas duas mãos grandes e possantes envolvê-la e afagar-lhe os seios e isso deixou-a um pouco excitada e algo ansiosa. Sempre fora ela a controlar os homens, a deixá-los submissos como cordeiros; porém, este perturbava-a completamente, sensação que, para si, era absolutamente nova e algo desconfortável. Desde o primeiro momento em que aquele casal se mudara para ali, que ela se apercebera daquele homem, daquele monumento à masculinidade, exactamente o seu tipo, fisicamente era com toda a certeza e aparentava sê-lo também na personalidade. Mas claro, apesar da proximidade, tinha de ser casado e com filhos e, de homens casados e mal-casados que só lhe queriam saltar em cima, estava ela farta, eram todos iguais. Talvez este não fosse sequer nada do que ela imaginava, poderia ser apenas o seu desejo a nublar-lhe a mente e a racionalidade, talvez fosse só ela e a sua mente a especularem algo absolutamente ilógico ... além do mais, ela é que dominava os homens e estava fora de questão o contrário. Mas para que estaria ela para ali com tanta dedução, se jamais se envolveria com tal pessoa, no fundo não era mais que a voz do seu desejo reprimido a falar mais alto, mas não o desejo simples de ter aquele homem. O que ela desejava mesmo era ter aquela vida, a vida da esposa daquele homem. Quando falou com eles pela primeira vez, apercebeu-se da naturalidade e da simplicidade com que a cumprimentaram, foram e eram sempre muito educados e atenciosos. Reparou também, pela primeira vez, que um homem a cumprimentara como pessoa e não como um naco de carne pronto para ser devorado, sem aquele brilho de caçador e cobridor nos olhos. Isso prendeu-lhe ainda mais a atenção e a curiosidade por ele. Mas ela jamais faria algo que comprometesse aquela agradável relação de vizinhança, diplomática, um pouco formal, mas tão gratificante. A esposa, uma professora de História e Geografia de Portugal do 2ºciclo, não tinha o seu ar fulgurante de mulher fatal, mas era muito bela, tinha um ar cândido e desprotegido. Teria certamente uma idade semelhante à sua, mas com a sua pele de porcelana, de um branco imaculado, com aquelas engraçadas sardas no nariz e um sorriso puro e infantil, parecia uma menininha, daquelas pessoas que parece que nunca envelhecem e que não têm idade. Desde o primeiro momento se mostrou disponível para consigo. Tinha-lhe dito que sempre que precisasse de legumes ou fruta ou outra coisa qualquer, que batesse à sua porta e seria sempre bem recebida. Mas na realidade, se tivesse de pedir algo, seria com toda a certeza o marido ... e isso nunca iria acontecer.
A partir daquele dia, do dia em que percepcionou aqueles braços viris, começou a observá-los a todos com maior frequência. Chegava do trabalho, subia ao quarto e colocava-se atrás da sua cortina verde. Tornou-se quase dependente daquela espécie de voyerismo, algo que ela reprovaria com toda a certeza nos outros. Viveu a vida daquela família e daquela esposa como se fosse a sua própria vida, como quem assiste a uma novela televisiva e vive toda aquela representação com maior intensidade que os próprios actores. Observava as crianças a brincar no jardim e apetecia-lhe correr para elas e apertá-las maternalmente junto ao seu peito. Observava o seu vizinho que chegava de pasta, fato e gravata todos os dias, entrava em casa sempre por volta das seis horas da tarde ... passados 15 minutos já ele estava de fato de treino no jardim a participar nas brincadeiras dos filhos ou a tratar de algo, carregando ou martelando umas tábuas, cuidando do jardim, regando ou aparando a relva. Mais tarde chegava a esposa, carregada de duas pastas, uma onde traria o portátil toshiba e outra provavelmente cheia de documentos vários, actas, fichas, tabelas, relatórios, sempre carregada, mas sempre sorridente. Por vezes, sobretudo aos fins-de-semana, observava-a no jardim enquanto os filhos brincavam de modo efusivo ... nessas alturas parecia ausente, por vezes notava-a apática, olhava para os filhos de braços cruzados e algo inexpressiva.
Atrás da cortina verde, observou mês após mês aquela família. O pai sempre bem-disposto, as crianças muito enérgicas e com os seus risos estridentes, a mãe bem-disposta e com um sorriso genuíno por vezes, outras aparentemente ausente. Por vezes não parecia feliz e notara agora que raramente a vira abraçar os filhos. De facto, aquela afável senhora, aquela simpática e amorosa senhora não era muito dada a agarrar os filhos, a participar nas suas brincadeiras e muito menos a acarinhar o marido. Com o tempo dera-se conta que aquela senhora, aquela mãe e esposa era muito mais agradável consigo mesma do que com a sua própria família. Por várias vezes a convidara para tomar café, convites a que se furtava com desculpas várias, vinha cansada do trabalho, tinha dor de cabeça, teria de sair para um jantar, etc, etc ... no fundo, sentia-se comprometida em estar na sua companhia ou em estabelecer maior proximidade, quando na verdade invejava a sua vida e pior, andava a vigiá-la há muito tempo. Como encarariam eles, se um dia resolvesse dizer-lhes que os observava atrás da cortina verde do seu quarto, há tanto tempo? Que pensariam de si?
Um dia de manhã preparava-se para sair de casa quando se apercebe que tem uma carta no chão junto à porta de entrada ... do seu conteúdo, por respeito e como solicitado pelo remetente, nunca chegou a dar conhecimento. A sua vizinha, aquela simpática senhora sem idade, tinha-se despedido desta vida porque na verdade, aquela nunca tinha sido a sua própria vida, a vida que deveria ter sido a sua.
Brama
Concentremo-nos todos ... concentremo-nos e meditemos um pouco. Relativizemos de uma vez por todas o poder dos States no contexto internacional. O protagonismo desse, até certo ponto e claro está, dependendo do ponto de vista, grande aglomerado de Estados, tem os dias contados. Veja-se o crescimento económico a marcar pontos a Oriente. A Coreia tem as armas, o Japão tem a tecnologia e a massa cinzenta, a China tem a mão-de-obra, ... todos têm elevadíssimos níveis de produtividade, extrema capacidade de organização, enorme potencial de trabalho, de produção e de competitividade ... pronto, quase sempre sacrificando o individual em prol do colectivo. O gigante dragão vermelho a pouco e pouco acordando do seu sono profundo, pronto para esmagar aqueles que há muito tempo se consideram os reis e senhores do mundo, aqueles que acham que têm de opinar, decidir, pôr e dispor das decisões, do rumo e do futuro de outras nações, aqueles que sem escrúpulos e atacados de um pretensiosismo sem limites, se autodenominam de AMÉRICA, como se em si mesmo, fossem todo um continente. Felizmente que a América é muito mais e muito mais rica. Depois temos a Europa, centro de arte do mundo, centro da criação, um poço de riqueza na arquitectura, na monumentalidade, na música, na pintura, na escultura, na gastronomia. Desiludam-se os que ainda vivem cegos pela cultura estado-unidense, Os EUA não ganham em praticamente nada ... a comida é uma treta (e só para ser diplomático), o cinema não é superior ao europeu (escusam de dizer que é, porque não é), os valores, o que é isso?... quais valores? ... essa palavra não existe num dicionário estado-unidense. Se a China maltrata os seus cidadãos, os EUA não são muito melhores ... muda um pouco é o estilo. Não creio que um controlo da cena mundial pelo Oriente seja uma boa solução, mas confesso que me dá um certo gostinho perceber que os EUA vão a pouco e pouco, perdendo algum protagonismo.
Bem e estou-me a afastar do propósito deste post ... o que eu queria mesmo dizer é:
"América (ou para precisar melhor, EUA), esquece as Rhiannas, as Britneys e as Nellys ... essa cambada de parvalhonas que se acham cantadeiras ... esquece, não cantam e só desencantam ... se fossem croatas ou senegalesas, ninguém sabia da sua existência."
O poder não mora aí ... vem dos Países Baixos e chama-se Anouk.
ATENÇÃO: Este é um post assumidamente anti- USA.
Esta menina apareceu e desde o primeiro instante percebi que seria, sem qualquer margem de dúvida, um mega-sucesso internacional. Ainda não o é propriamente, mas vai bem lançada e merece-o ser porque de vez em quando há fenómenos assim, cantores que de facto o são. Ela é, não só uma excelente cantora, como tem ainda o dom da versatilidade. A comprová-lo estão estes dois momentos completamente distintos. Bem podem os filipinos ter orgulho nela, afinal o país antes não figurava no mapa do mundo.
As pessoas costumam achar uma certa piada quando me refiro ao facto de que, no caso "Casa Pia", ainda serão as crianças violadas a indemnizar os pedófilos absolvidos. As pessoas acham uma certa piada porque efectivamente tem piada. Mas o que é triste e profundamente lamentável é que, esta ideia não é nada descabida e pode mesmo tornar-se realidade. Pensem bem no número de indivíduos bem relacionados e com status social em Portugal, que se encontram atrás das grades por corrupção, roubo, violação, abuso do poder e outras tantas coisas ... ZERO ou um número simbólico muito perto de zero.
A seguinte notícia da página da Sapo é prova de que as minhas deambulações não são assim tão descabidas. Todos já sabemos, é do conhecimento geral, que a Justiça portuguesa não funciona e é tão corrupta quanto os próprios corruptos. O que muita gente não sabe ainda é que, se calhar, convém mesmo nunca se queixar de algum mal que lhe façam, não vá ser você o penalizado e o criminoso no processo.
Vejam e delirem com o ponto a que isto chega. Portugal no seu melhor.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1202284
Tokyo - Shibuya
London - Piccadilly Circus
Cairo
Bangalore - Downtown
Moscow
Bangkok
And, to finish ...
One of the most dangerous intersections in the world
S. Petersburg - Pr. Slavy
Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se,
Porque tão longe ir pôr o que está perto
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É o que somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morremos.
Colhe o dia, porque és ele.
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
Em Toronto
Em Auckland
Em Singapura
O padre Vítor Melícias, ex-alto comissário para Timor-Leste e ex-presidente do Montepio Geral, declarou ao Tribunal Constitucional, como membro do Conselho Económico e Social (CES), um rendimento anual de pensões de 104 301 euros. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos.
Correio da manhã - 19.03.2009
AQUI ESTÁ UM VOTO DE POBREZA DE UM FRANCISCANO!
Mas para que é que ainda insisto em ver a televisão portuguesa!!! Para quê?... só se for para continuar a enervar-me e massacrar o espírito.
Os deputados portugueses têm-se comportado muito mal com as faltas. Têm dado uma má imagem da política nacional (ela não era nem é boa, mas estes ajudaram a agravar), têm sido "meninos maus e irresponsáveis". Espero que não se apague da memória dos portugueses que, entre outras razões, muitos deputados têm faltado para ir ver os encontros futebolísticos ... logo, assunto muito mais sério e importante que as decisões políticas nacionais. Em plenários onde era preciso votar matérias de alguma importância (se é que matérias importantes ainda existem neste país fantoche!), faltaram e condicionaram o decurso dos trabalhos. Mas o problema resolveu-se da melhor maneira possível ... à boa maneira portuguesa. Agora podem faltar o que quiserem porque já nem precisam justificar as faltas. É muito mais fácil, prático, cómodo e deixa de haver chatices e contratempos. Afinal essa conversa de justificar faltas só serve mesmo para os outros funcionários públicos, aqueles que não podem fugir a nada e são mesmo obrigados a levar uma vidinha honesta. E depois venham com as medidas de rigor e de exigência para os outros. Esta gente não tem qualquer moral para impôr uma cultura de rigor, seja a quem for, apenas estão salvaguardados pelo posto e pelo poder, mas quer um, quer outro, não dão moral nem ética a ninguém.
Se têm dúvidas ... vejam aqui:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1192180
Não chegava terem reformas vitalícias e todos os demais benefícios, andarem a gozar descaradamente com os portugueses, sim porque aquela gente anda mesmo a gozar o panorama ... agora ainda mais esta regalia. Portugal deve mesmo ser o único país onde compensa ser incumpridor e prevaricador. Se tiveres algum poder neste país, podes fazer o que te apetecer, quanto mais m**** fizeres, mais te conhecem pelos meios de comunicação social, mais famoso ficas e, no fim, ainda és indemnizado por alegadas ofensas pessoais.
Da minha parte, está decidido, nem sequer vou votar nesta legislativas. Não me interessa quem ganha ou perde, se têm maioria ou deixam de ter. A corja é toda a mesma, comem todos do mesmo prato. Estou mesmo farto deste país.
E acho mesmo que a população portuguesa deveria boicotar as próximas eleições.
(isto é uma sugestão ... não sei se perceberam pela visibilidade que quis dar à frase)
E anda a Coreia do Norte a desperdiçar mísseis para o espaço. Que tal uma experienciazita na Assembleia da República Portuguesa em sessão de plenário ...
e de preferência, sem faltas (o que agora já vai passar a ser difícil)
O indivíduo abaixo, de seu nome Jaime Gama, foi então um dos responsáveis pela permissão dos deputados poderem a partir de agora, faltar sem justificação.
Este sketch do Gato Fedorento sobre as faltas dos deputados é o máximo.
(Sim, é verdade ... tive mesmo de desanuviar um pouco porque não vale a pena estar-me a chatear sozinho com esta questão ... ainda se a população portuguesa em massa, acordasse para esta questão e fizesse algo tipo ... uma mega-manifestação contra estes abutres instalados e "tachados").
Teresinha Violácea de Vasconcelos, é uma menina laroca, muito viva e airosa, de gelatinosos e densos olhos de esmeralda e longos caracóis dourados. Tem 7 anos e vende energia. Na escola é aluna exemplar, tem um raciocínio vivo e já apanhou toda a explicação da professora quando os seus colegas ainda estão a "apanhar bonés". É exímia em todas as matérias e assimila ao segundo, tudo o que lhe ensinam. Mas, apesar de tudo, Teresinha, tratada por menina V.V. pelos pais, é muito caprichosa, retém tudinho o que lhe dizem, para o bem e para o mal e tem uma extrema dificuldade em aceitar um não ... não fosse ela filha única habituada a todas as mordomias por parte dos papás. Sua mãe, Ursulina Tomásia Júlia Virtuosa de Vasconcelos, é investigadora num laboratório de Química e acérrima defensora dos direitos dos animais, pertencendo a uma Associação de defesa e salvaguarda do Panda gigante e participando frequentemente como activista em acções contra o uso de peles naturais e contra a utilização do marfim em peças decorativas. Seu pai, Simplício Iguanodonte de Vasconcelos, é um reconhecido biólogo marinho que se dedica, nos seus tempos livres, à criação de cães da raça Golden Retriever, estudando ainda o comportamento dos papa-formigas em ambiente artificial. Neste momento tem apenas uma cadela que brevemente dará à luz 4 lindos cãezinhos, mais algumas semanitas. Ambos têm, apesar das suas profissões, grandes heranças familiares. Teresinha adora que a mãe lhe vista vestidinhos amarelos (fica histérica quando a mamã lhe veste um) e adora que lhe façam tranças com laços verdes. Tem a maior colecção de Barbies das redondezas, causando inveja a todas as amiguinhas, quando estas vão lá a casa. A sua mãe até lhe criou uma pequenina divisão, de 50m2, junto ao quarto só para as suas bonecas, peluches, jogos e todas as demais exigências de uma criança socialmente privilegiada. Recentemente a mãe quisera-lhe oferecer uma nova colecção de bonecas, as "Supra-sumo", ideia imediatamente declinada por Teresinha que entende estas serem muito roliças e com os pés chatos, o que não tem classe nenhuma e resultaria pessimamente no seu quarto. Teresinha revela um espírito crítico e um sentido estético ímpares para alguém da sua idade, deixando com frequência os paizinhos boquiabertos com as conjecturas que engendra e os elaborados discursos que apresenta. Os paizinhos sentem-se orgulhosos por terem uma princesa tão inteligente e expedita.
O circo chegou à cidade. O papá Simplício achou por bem premiar a sua menina V.V. com uma ida ao circo. Seria nesse fim-de-semana. Teresinha ficou histérica com a ideia e lá foram. Teresinha captou todos os momentos do espectáculo, parecia hipnotizada. Os papás não gostaram particularmente dos números com os animais e, sobretudo a mamã, teve uma discussão feia com os organizadores, por causa dos maus tratos que estes certamente inflingiam aos felinos. Ameaçou levar o caso a tribunal e sujeitá-los a pesadas sanções e chamou-os de assassinos e violadores dos direitos dos animais. Teresinha fez uma birra porque queria levar os palhaços para casa. O papá explicou à sua princesa que era impossível levar aqueles palhaços para casa porque eram pessoas e não bonecos. Teresinha não se deixou convencer e, em desespero de causa, avançou com a hipótese de os manter a recibos verdes em casa, podendo estes tratar dos 600m2 de jardim da sua casa, assim como da piscina e do court de ténis. O papá retorquiu que já tinham um jardineiro para esse fim e Teresinha ficou fula com a resposta, amuou, bufou, cerrou os dentes e ameaçou com a linha telefónica de defesa da criança em risco. Entretanto a mamã já estava a tirar os dados dos funcionários do circo para mover uma acção contra este, quando o papá Simplício a chamou para irem dali o mais depressa possível. Teresinha estava louca de nervos e a sua veia jugular formava uma bola inflamada de raiva. O papá, não querendo ver a sua menina triste e aborrecida, prometeu-lhe então comprar um magnífico palhaço pelo aniversário, que seria dali a duas semanas. Teresinha ficou radiante. A mamã Ursulina não ouvira, ia muito concentrada a procurar o contacto do seu advogado, para procurar a melhor solução e mover uma acção jurídica contra aquela gente. Teresinha comportou-se muito bem nos dias seguintes, esperando que o papá lhe oferecesse o mais fantástico palhaço já concebido e imaginado. Não voltou a relembrá-lo da oferta que lhe prometera, pois sabia que o seu papá odiava que o relembrassem sistematicamente de algo que já prometera antecipadamente. Chegaria o dia e obviamente, ela teria o palhaço mais impressionante e belo, alguma vez visto, de sempre e para sempre. Teresinha estava tão excitada que mal conseguia dormir durante a noite. A sua magnífica colecção de Barbies parecia-lhe agora mais trivial que nunca ... um conjunto de bonecas cor-de-rosa meio aparvalhadas, todas com um sorrisinho artificial, umas ridículas de umas bonecas com arzinho de loiras-burras. Ela ao menos era loira, mas hiper-inteligente. Os dias passaram e Teresinha estava cada vez mais desnorteada ... o seu palhaço estaria a caminho, em breve ela poderia apertar-lhe o narizinho vermelho. Como seria o seu palhaço? ... preferiu não alimentar mais expectativas. Fosse como fosse, seria naturalmente o melhor dos melhores, o mais belo dos belos, o mais lindo dos lindos, o soberbo dos soberbos e ... as suas amiguinhas ficariam com taaanta inveeeeja. Ai como Teresinha ficava excitada e fora de si, só de imaginar os olhos invejosos das suas amiguinhas, quando esta lhes apresentasse o seu palhaço .... isso ainda lhe dava mais prazer, não só ter o palhaço, como imaginar a cara de suas amiguinhas quando o apresentasse. Seria um momento inesquecível ... elas perceberiam a partir de então quem manda afinal e a quem têm de respeitar. Elas já a respeitavam e temiam ... mas a partir do momento em que tivesse o seu palhaço ... a partir daí a conversa seria outra, oh se seria. Bem, aproximou-se o dia de aniversário mas ... algo aconteceu entretanto que trocou as voltas a Teresinha. Os papás não poderiam passar consigo o dia de aniversário. Para Teresinha foi um escândalo aquilo que se estava a passar, não poderia ser verdade ... era a primeira vez que os papás não iriam estar consigo no seu dia de aniversário. O que se passava afinal? ... a mamã precisava ir com a máxima urgência ao Alaska e ao Canadá juntamente com um grupo de activistas, fazer uma barreira de protecção das focas-bebé, contra os ataques inqualificáveis dos caçadores furtivos. Essa era agora a prioridade máxima da Sra. Ursulina Tomásia ... ela estava cega por dar uns bons pares de chapadas naqueles assassinos e o marido, o Sr. Simplício Iguanodonte teria de ir ajudá-la, como é lógico. Ele é um homem bem mais calmo e não se imaginava de todo, a correr os caçadores à chapada, mas estava fora de questão não acompanhar a esposa, seria uma decepção para esta. Lá foram ... e para desgraça de Teresinha, na véspera do seu aniversário. Esta ficaria com a avó, a D. Girondina Virtuosa, senhora de grande virtuosismo. Teresinha estava louca de ódio e raiva e para agravar tudo, ficaria com a avó que ela considerava básica e de pensamento lento. Não tinha paciência para a acompanhar nas brincadeiras e não entendia o seu discurso. Teresinha espumava e arrepelava-se toda e nem sequer ponderou que, quando acordasse no dia seguinte, não estivesse o super palhaço à sua espera num mega-embrulho de aniversário. A verdade é que no dia seguinte ... o palhaço não estava em casa. Teresinha sentiu um raio de ódio atravessar-lhe o corpo todo e quem sofreu naqueles dias foi a avó materna. Teresinha massacrou a avó até mais não e os papás só chegariam dali a um mês. Entretanto nasceram os lindos cãezinhos Golden Retriever e não eram 4, eram 5 lindos e gordinhos cãezinhos de um tom amarelo clarinho tão lindo. A avó estava radiante com os cãezinhos e apressou-se a ajudar a mãe cadela em todos os preparos. Teresinha odiava tudo à sua volta, tinha o diabo no frágil corpito. Como era possível o seu pai ter ousado esquecer-se do seu palhaço, do palhaço que lhe prometera !!! Ele jamais tinha falhado uma promessa ... jamais. Porém agora tinha-o feito categoricamente, sem o menor pudor. Teresinha passou-se de vez, assaltada por um ódio que, ainda hoje não consegue explicar, pegou nos 5 ternurentos cãezinhos e afogou-os num alguidar de água. A mãe cadela estava desconsolada, chamava pelos filhotes em todo o lado ... a avó chorava compulsivamente e não compreendia a atitude de sua neta. Faltavam apenas dois dias para os papás chegarem e Teresinha tinha satanás no corpo. Destruíu o jardim de casa, empurrou a avó para a piscina (só resistiu com a ajuda do jardineiro que a puxou para fora), colocou as Barbies todas na casota da cadela Golden Retriever, queimou os cortinados Versace da mamã e pior que tudo, meteu no lixo a colecção de moedas e selos antigos do papá. A avó Girondina não sabia que fazer para acalmar Teresinha. Teresinha estava absolutamente possessa e só acalmou quando viu os pais voltar a casa. Estes entraram com o mais belo palhaço que alguma pudera conceber, de tal forma belo que só a sua luminosidade inundara toda a entrada da casa. Teresinha não conseguiu emitir uma palavra e ficou prostrada de joelhos e de boca aberta perante tanta e tão extraordinária beleza. Os olhos dos pais encheram-se de lágrimas. A avó ... essa estava a soro no hospital mais próximo.
Brama
Abriu os olhos com alguma dificuldade e foi acordando a pouco e pouco de um estranho sono, uma espécie de sono quase doentio. Sentiu uma fortíssima dor de cabeça e ... ao tentar mover-se, percebeu que não lhe era possível. Insistiu em erguer a cabeça, mas viu-se impossibilitado do mais pequeno movimento. Só podia ver o tecto, um tecto que não lhe era familiar, em madeira tosca e com uns pregos algo enferrujados. Posteriormente tentou mover as mãos mas, sentiu uma dor lancinante ao tentar mexer-se, uma espécie de lâmina que insistia contra um dos braços ... um dos braços?! ... de facto, sentia apenas um dos braços. E o outro? ... não sentiu um dos membros superiores ... provavelmente estaria adormecido devido àquele sono profundo e a pouco e pouco viria a si. Tentou olhar para o lado direito para ver o seu membro, mas sentiu uma dor tão forte no crânio que não voltou a tentar. Algo lhe estava a esmagar o crânio e o apertava de modo indelével, causando-lhe uma dor insuportável. Não compreendeu o que se estaria a passar, nem conseguiu situar-se no tempo e no espaço. Onde estaria? ... que horas seriam? ... seria tarde, noite?! ... e de que dia? ... havia perdido completamente a noção do tempo e do espaço e isso deixou-o apavorado. Não podendo mover-se daquele local sentiu-se indefeso e à mercê de algo que não compreendia. Agora tentava mover os membros inferiores e ... mais uma vez, percebeu que não conseguia. Entrou em pânico e tentou mover os pés e as pernas bruscamente. Ao fazê-lo deu um grito surdo de dor ... uma dor indescritível. Sentira uma lâmina metálica cravar-se mais intensamente no calcanhar. Foi aí que entendeu que algo verdadeiramente estranho e de errado se estaria a passar. Apesar de não conseguir mover a cabeça e ver algo mais, além do tecto, apercebeu-se de que não poderia forçar as pernas a movimentar-se um só milímetro. Tinha as pernas amarradas com algo que não conseguiu definir, mas assentes em lâminas que as cortavam em vários pontos. Entrou em pânico e começou a transpirar. Sentiu-se inerte, preso àquela mesa, cama, marquesa ... qualquer coisa, ele não sabia exactamente o quê. Molhou nervosamente os lábios e foi aí que se apercebeu de um gosto estranho. Tinha a boca seca e a língua áspera, sentiu um gosto a ferrugem nos lábios. Seria sangue?! ... sim, era sangue. Mas sangue?! ... porquê? ... que lhe teria acontecido? ... que se estaria a passar? ... talvez tivesse tido um acidente de viação ... é isso, tinha sofrido um aparatoso acidente e encontrava-se num hospital. Por segundos acalmou mas depois pensou que não faria qualquer sentido. Um hospital não tinha aquele aspecto sombrio e os hospitais não têm tectos em madeira. Não, hospital não era. E sentiu lâminas nas pernas e nos pés. Claro que não estava num hospital, que disparate. Ficou naquela posição algum tempo e já estava a sentir-se gelado, sentiu o corpo desnudo completamente frio e isso desconfortou-o. Também sentiu sede, muita sede, voltou a molhar os lábios mas apenas sentia aquele sabor a sangue, meio acre, meio adocicado. Apoderou-se de si uma inquietação total, uma raiva e irritação descontroladas, uma angústia desmedida, uma mistura de sensações díspares. Queria respostas, queria saber o que se estava a passar consigo. A pouco e pouco sentiu uma luz ténue invadir aquele espaço, uma luz que a pouco e pouco ia dando alguma claridade a toda a área circundante. Perscrutou alguma esperança. Naquela posição, só conseguia mesmo ver o tecto, um tecto castanho, em madeira escurecida e com alguma humidade, que agora ia ganhando a pouco e pouco definição. Já conseguia visualizar os veios da madeira e ... o que seria aquilo?! ... parecia algo inscrito num tom avermelhado e com uns borrões. Piscou os olhos e tentou visualizar com mais pormenor, à medida que todo o espaço se invadia de luz. Depois conseguiu perceber o que lá estava. Finalmente conseguiu ler:
" Eu avisei-te que perdoaria tudo menos a traição. ADEUS!"
Brama
Grande Ana Drago.
Felizmente que no meio da podridão há sempre uma maçã mais sã ... nem que seja apenas uma.
Reencontraram-se uma vez mais naquele aeroporto. Era assim desde há já alguns anos. Desta vez não se viam há mais de seis meses. Estavam nervosos, porém ansiosos. Deram um abraço formal, mas os olhos luminosos de ambos não esconderam as saudades que tinham. Saíram para fora daquele espaço frenético de encontros e desencontros. Cá fora, sentiu o calor sufocante de um território tão diferente das suas nórdicas latitudes. Caminharam juntos, lado a lado, em direcção a casa, não muito longe daquele ponto de ligações internacionais. Falaram do emprego, da família, do estado do tempo ... as conversas triviais de sempre. Evitavam olhar-se nos olhos. Interrompeu a amena conversa ... no caminho apercebeu-se que, numa das ruelas, havia um grande ajuntamento de homens, mulheres e crianças que circundavam e conspurcavam três jovens mulheres desnudas. Aproximando-se mais um pouco observou que as três raparigas estavam atadas e presas nos braços e nos pés e entre si, tinham as cabeças baixas cobertas pelo emaranhado dos cabelos negros e exibiam sinais evidentes de maus tratos nos frágeis corpos. Teve dificuldade em visualizá-las porque a população local acotovelava-se, sedenta de cuspir impropérios e atirar-lhes pedras. Possivelmente teriam cometido adultério ... nunca chegou a saber. Olhou em redor e no meio da confusão ali gerada, constatou que um grupo de miúdos que não teriam mais de oito ou nove anos, riam e brincavam com armas de verdade e simulavam atirar uns contra os outros, perante a indiferença dos adultos que ali se encontravam. Sentiu um nó na garganta e uma dor aguda no peito. Apressaram-se em sair dali e afastaram-se. Caminharam mais um pouco e já estariam perto. Meteram a chave à porta e fechando-a atrás de si, abraçaram-se transpirados pelo acelerado estado de ansiedade em que se encontravam e descontroladamente, mergulharam os lábios um no outro. Não aguentariam muito mais tempo sem aquele momento e ... ali, deram largas à sua "amizade", o tipo de amizade que a lei local não aceita nem compreende. Ali no escuro ... puderam dar luz àquilo que eram e que sentiam.
Brama
Há muito que se sentia morto.
Na verdade só os batimentos cardíacos o mantinham preso à vida de alguma forma.
Mas não queria continuar assim, queria mesmo deixar de sentir de vez. De uma vez por todas queria pôr um ponto final a tanto sofrimento. Estava decidido a fazê-lo naquele mesmo dia e isso deixou-o algo tranquilo. A ideia de imaginar-se noutro local qualquer que não aquele apaziguou-o.De certa forma estava ansioso por fazê-lo, só não sabia como. Temia o sofrimento físico, temia agonizar sem conseguir ir até ao fim. Mas agora já tinha decidido que o faria. Como voltar atrás?! ... isso é para os fracos. Achava-se suficientemente homem para não voltar atrás. Não, não hesitaria sequer. Era naquele dia ... afinal que mais lhe traria esta mísera existência? Os dias eram de facto todos iguais. Os homens haviam-no desiludido ... nada lhe restava a não ser desaparecer e deixar de pensar. Já não se recordava de sorrir há muito tempo. Quando teria sido a última vez?... depois lembrou-se que tinha sido no dia do nascimento do seu único filho ... tinham passado vinte e dois anos. Sim ... foi esse o último dia em que se lembra de ter sorrido. Não voltaria a ver o seu filho desde esse momento e mais tarde, soube que este teria falecido numa brincadeira de adolescentes com motorizadas, numa quinta. Afastou esse pensamento e concentrou-se na sua decisão. Ergueu-se da cama, bebeu avidamente um copo de água que tinha mesmo a seu lado, sobre uma mesinha de cabeceira e fumou um longo cigarro demoradamente. Sentia os membros tensos e sustentava um olhar vítreo. Foi à cozinha, pegou numa faca com uma boa lâmina e dirigiu-se para a casa-de-banho. Ao aproximar-se do espelho sobre a bancada, observou fixamente o seu rosto. Não gostava dele, tinha o olhar vazio, os lábios ressequidos e umas longas rugas marcadas, desde os cantos dos olhos. Não queria mais aquele rosto, para dizer a verdade, a sua expressão inexpressiva repugnava-o. Esticou um braço e com a ponta da lâmina começou a desenhar junto ao pulso e depois, pelo braço acima, uns traços e uns cortes. Não lhe doía, até gostou de sentir o sangue quente inundar-lhe a pele para posteriormente, pingar na bancada. Não iria demorar muito, só quis saber primeiro o que sentia, ao fazer uns pequenos cortes nos braços. Em breve trespassaria o peito junto ao coração com aquela lâmina grossa e afiada. Talvez lhe doesse mas tentaria ser rápido. Tocou a campainha. Sobressaltou-se e largou a faca sobre a pia. Aproximou-se da porta nervosamente, apercebeu-se de que na entrada do prédio estavam duas pessoas. Ao perguntar quem era, percebeu então que dois amigos seus, que já não via há alguns meses e que viviam do outro lado da cidade, lhe tinham vindo fazer uma supresa, convivando-o para jantar. Estavam visivelmente bem-dispostos, notava-se nas suas vozes estridentes. Respondeu de modo abafado que esperassem uns minutinhos que já desceria. Limpou nervosamente as manchas de sangue do braço, vestiu outra camisa e um casaco por cima, pôs um pouco de perfume para disfarçar o cheiro acre do sangue e desceu a escadaria.
Brama
A minha música preferida dos Clan of Xymox
Naoto HIROOKA, mais conhecido por H. Naoto, nascido em 1978, é um vanguardista costureiro japonês, cujos trabalhos se podem classificar num género punk e gótico, sendo mesmo um dos mais bem sucedidos criadores dentro desse estilo.
Aqui vão umas sugestõezinhas para as funcionárias públicas nacionais trajarem no próximo tempo quente que se aproxima.
Curta metragem premiada em Cannes em 2008
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