Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

Código RVCC - Enigma ou Desenrasca

Mais uma acção de formação, neste caso mais uma reunião de tentativa de maior esclarecimento (achava eu), desta feita em Santa Maria da Feira, a 30 km do Porto e mais ou menos 600 km donde vivo. Saída segunda-feira depois das aulas da tarde; chegada terça-feira após a meia-noite, para iniciar serviço às 8h10 hoje na escola. Dispensa terça-feira?! claro que não, que ideia disparatada. Uma pessoa vai, numa lógica  quase auto-didacta e de salvação, em serviço por parte da escola, para esclarecer e melhorar procedimentos neste maravilhoso novo sistema de desocultar competências já adquiridas pelo pessoal adulto com prioridade na certificação rápida de competências que lhes permita ter já e já, em tempo record o 9º ou o 12ºano, porque o Ministério lança as ideias brilhantes mas não faculta a formação necessária e cada um, que se desenrasque como sempre, mas por nenhum motivo deste mundo se justifica dispensa de serviço lectivo. As aulas serão repostas escrupulosamente amanhã. A intenção foi boa, o resultado aprentemente esclarecedor, mas após análise que atenda à realidade de cada região e situação particular, não há efectivamente quaisquer possibilidades de seguir práticas comuns. A sessão de esclarecimento teve lugar na ANOP (Associação Nacional de Oficinas de Projecto), em Santa Maria  da Feira, que funciona a título particular com financiamento do PRODEP onde, ao que nos constou, os vários adultos são devidamente acompanhados por vários formadores ( vários para cada adulto), cerca de 7 horas por dia, 35 horas por semana. Evidentemente que são adultos que não trabalham, contrariamente aos nossos adultos, que terão as suas sessões na escola à noite, após um dia de trabalho e com muito menos horas. Por seu turno, os formadores são exactamente só e apenas isso, formadores naquela instituição, dedicados a tempo inteiro àquela prática e não, professores como nós, nas escolas, com todo o trabalho que todos nós sabemos isso implicar. De facto, apercebi-me que, para tudo funcionar num sistema quase perfeito, o acompanhamento aos adultos teria de ser muito superior e com todas as partes envolvidas no complexo processo de aplicação do tal famoso referencial o que, nas escolas públicas com este processo em andamento, é absolutamente impossivel, pelo menos naqueles moldes. O Estado tem a sua meta traçada, mais de um milhão de adultos certificados rapidamente, mas sem horas. O processo que nós deveríamos seguir é o mesmo, obedece ao tal referencial, mas o Estado não dá mais horas às escolas, porque não faz qualquer sentido. Lá estão eles, mais uma vez a pedir-nos as omoletes sem os ovos, contenção de despesas mas com esperados bons resultados. Lá vão os professores tecer mais uma rede de improvisos, alimentar ainda mais o tradicional  sistema do desenrasca e do faz de conta. É o Estado que assim quer.

Se o arrependimento matasse ... que arrependido em ter optado por esta experiência. O pior é que isto parece ser um processo sem fim à vista ... quanto mais situações se conhece, mais diverso é o leque de actuação e dos procedimentos. Pior, na mesma instituição as interpretações são distintas e por vezes opostas, conduzindo a práticas incoerentes. Uma animação. Uma coisa sei, já não participarei em mais sessões ou acções de multiplicação exponencial de dúvidas e de credos na mais brilhante invenção do Ministério que até hoje conheci.

 

                                                                                                                                    Brama

 

 

 

sinto-me:

publicado por Brama às 19:27
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4 comentários:
De graduated Fool a 24 de Outubro de 2007 às 22:29
Ah ok, já respondeste, com este post, à minha questão.


De The Tales Maker a 25 de Outubro de 2007 às 00:35
Tadinho. Se ao menos tivesses ido ao Porto para descansar a mioleira e a vista é que tinha sido bom, agora só para trabalho.


De ANOP a 26 de Outubro de 2007 às 19:04
Tivemos todo o prazer de vos receber cá. Mas é importante deixar claro para todos aqueles que poderão ler este texto que, os formadores da ANOP não estão 7 horas por dia nem 35 horas por semana com cada candidato, este é o horário de alguns destes formadores que trabalham (dando formação complementar) com vários candidatos ao longo da semana para além das negociações, leitura dos dossiês, júris e respectivas actas de cada um dos candidatos que devem ser inseridas no SIGO.
É de referir ainda que a maioria dos nossos candidatos são trabalhadores o que se reflecte num acréscimo de trabalho pós-laboral.
Para terminar queremos deixar um repto no sentido de que as dificuldades são para todos, independentemente de se tratar de uma Escola ou de uma Entidade Privada.


De Brama a 27 de Outubro de 2007 às 01:49
Eu também gostei muito de estar aí, sinceramente gostei do ambiente de boa disposição e descontracção que se gerou aquando da reunião e fiquei suficientemente esclarecido dentro do que são as vossas práticas e sobretudo, para quem só se está a iniciar neste processo agora e ainda tem as dúvidas que , penso todos terão, incluindo muitos daqueles que estão a trabalhar no processo há já algum tempo. De qualquer forma, reitero que os procedimentos e o funcionamento neste sistema divergem muito de situação para situação e de instituição para instituição. As práticas são diversas, bem diversas, partem de condições bem distintas e as interpretações do complexo e imbrincado referencial são absolutamente diferentes, inclusive por parte da mesma equipa de trabalho e no mesmo local. O Ministério como sempre falha naquilo que é o mais importante, facultar a necessária formação antes de iniciar novos procedimentos, no sentido de permitir maximizar os resultados. Resta saber se interpretações tão díspares não poderão causar subjectividade e até injustiça na validação e certificação de competências dos adultos e comprometer tão ambicioso projecto do Ministério. Acredito que a ANOP enquanto entidade privada se depare com muitas dificuldades em todo este complexo processo, mas também estou em crer que essas mesmas dificuldades aumentarão exponencialmente nas escolas públicas, mergulhadas como estão em diversas e burocráticas funções em que aos professores tudo se pede ou exige, ao ponto destes se verem a braços com múltiplos desdobramentos que não deixam espaço nem tempo para aquilo que é a sua função primordial, a de ensinar.


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