Em passeio por algumas “catedrais de consumo” que pululam nos múltiplos espaços comerciais de desenfreado ardor capitalista (Zara, Springfield, Pull & Bear, Bershkas, entre muitos outros e só para citar alguns dos mais mediáticos), sempre bem frequentados nestas alturas de forte espírito natalício, é incrível como facilmente imaginamos todas aquelas roupas expostas, enfiadas em todos os nossos alunos. Antigamente via-se alguma diversidade, os jovens não eram de todo iguais e exibiam até com algum orgulho, aspectos únicos que os caracterizavam e pintavam de alguma cor a multiplicidade humana. Agora os miúdos e as miúdas até manifestam um certo cuidado com a imagem, mas parecem-me todos irremediavelmente iguais, aborrecem-me sobremaneira, um continuum indumentário e estético, parecem umas péssimas cópias uns dos outros.
Na sexta-feira da semana passada as funcionárias da cantina da minha Escola estavam possessas. O almoço era óptimo (peixe-vermelho assado no forno, com brócolos e um saboroso doce de maçã), mas foi quase todo para o lixo. Qual a razão? Perguntam …
A juventude mal habituada pelos papás e mamãs a comer apenas o que lhes apetece, porque o papá e a mamã financia todos os caprichos dos meninos e meninas, entendeu que não lhes apetecia comer peixe. Aliás, quando a ementa do dia é peixe, há uma quebra assinalável nas senhas de almoço, sabe-se lá porquê. Tudo muito bem se não se contasse com um determinado número de almoços. O problema é que as senhas são marcadas antecipadamente nos quiosques existentes na Escola para o efeito, utilizando para tal o cartão escolar. Essa informação é enviada automaticamente ao refeitório que contabiliza X almoços. É de referir que esta “malta” a que me refiro, não raras vezes, nem se digna a ver a ementa, marca a senha e pronto. Quantas vezes desistem de almoçar, sobretudo os que têm escalão A e não pagam almoços. Esses no momento decidem, como não sai do bolso dos papás, dão-se ao luxo de escolher se almoçam ou não. Resultado: uma quantidade enorme de peixe assado para o lixo e afins (acompanhamentos, sopas, …). E onde é que os meninos almoçaram? Onde? … em qualquer snack-bar ou café dos existentes frente à Escola ou nas redondezas. E evidentemente comeram o que já se espera, um bife rudimentar com batatas fritas ou um hambúrguer acompanhado naturalmente de uma boa coca-cola, a bebida mais saudável e nutritiva das que é possível beber.
Estes dois simples exemplos expressam uma juventude, filha directa da Globalização claro, que além de pouco sensível, pouco ou nada pensante, absolutamente nada crítica, manifesta um profundo mau sentido de originalidade. Revela-se num conjunto de cópias cada vez mais esbatidas e sem brilho e cada vez mais desinteressante. Os nossos jovens do momento não se surpreendem com nada, não reflectem sobre a origem do computador que aparentam manusear com ligeireza, as maravilhas da Sociedade da Comunicação, os enigmas da História do Homem, a beleza dos fenómenos atmosféricos, o extraordinário e complexo funcionamento de uma termiteira (o que são térmites?) … não reflectem sobre nada, não observam nada … limitam-se a deambular, consumir o mesmo que todos os outros, ouvir as mesmas músicas, ver os mesmos programas, comentar os mesmos desinteresses. Quando desafiados a justificar algo, a resposta mais comum é ” Porque sim!”, ou em alternativa claramente inovadora, “Porque não!”. Se formos um pouco chatos e ambiciosos nas respostas obtidas, lá se consegue “arrancar a ferros”, uma resposta cheia de incoerências, com pausas sem sentido, vocábulos dispersos que se supõe (se tentarmos ser mais optimistas), assemelhar a uma frase inteira. Normalmente falam por monossílabos, palavras soltas sem ligação aparente e já escrevem com extrema dificuldade duas linhas seguidas (isto dos milagres nas telecomunicações tem destas coisas).
Será que esta minha análise deriva mesmo de um choque geracional que sempre existiu e ameaça manter-se?! Ou será que os nossos jovens estão a ficar todos muito desinteressantes mesmo e demasiadamente formatados??!
Onde estão os jovens diferentes afinal?
Brama
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