Protesto em Janeiro último em Barcelona, contra a matança de animais para fazer casacos de peles.
Encontrei este post num outro blog e achei que podia dar o meu contributo de algum modo e também ajudar a divulgar mais um pouco os nomes de alguns monstros económicos, que para minha surpresa são mais do que aquilo que imaginei, a atentar contra seres frágeis e indefesos. Da minha parte, tentarei o mais possível dispensar produtos destes marcas ...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_empresas_estrangeiras_que_fazem_testes_com_animais
Ironias do destino. Há uns dias quando me dirigia para o meu automóvel, como habitualmente acontece, deparei-me com mais um folheto colocado no pára-brisas, que arranquei com alguma brusquidão própria da má disposição que já me causa este tipo de publicidade perfeitamente indesejada, sobretudo quando começo a imaginar mais um conjunto de pobres árvores abatidas sem dó nem piedade, para alimentar esta máquina de propaganda desnecessária. Quando me aproximava, já respirando um pouco mal, pensei que, à semelhança da generalidade desta desagradável correspondência, seria mais um recado de um dos diversos chefes zulus que vieram à Terra com extremos poderes de adivinhação e salvação de todos os males que afligem e oprimem a numerosa massa de contribuintes da classe média e baixa. Mas curiosamente, desta vez o folheto presenteado ainda conseguia ser pior, coisa algo séria e não motivo de risada. Tratava-se de um folheto até bastante colorido, dobrado em duas partes, cuja capa expunha em letras garrafais o seguinte: "Toiros no Sotavento Algarvio - Arte, Emoção, Espectáculo ... Aqui é o Lugar!...". Portanto, atendendo a esta nota prévia, desnecessário seria abrir o folheto e continuar a ler, uma vez que por si só, estas belas palavras já deixariam antever com segurança, a emoção que viria em seguida. Quem me conhece sabe perfeitamente como esta publicidade foi pertinente e me deixou palpitante de excitação. Quem colocou o folheto, se soubesse a natureza do dono da viatura, provavelmente não disperdiçaria o seu belo tempo e avançaria para a viatura seguinte. Afinal de contas, quem produziu aquelas belas palavras está de parabéns, consegue superar aos pontos qualquer produção surrealista daliniana.
Brama
Antes de mais convém explicitar que enquanto ser humano com alguma sensibilidade e sentido de humanidade (assim o entendo), observo as touradas como um espectáculo de puro divertimento sádico e doentio, que radica numa tradição desadequada dos dias de hoje e da forma como a própria sociedade está configurada actualmente em termos da própria percepção humana das coisas … portanto, digo e repito, é um espectáculo doentio e da mais pura crueldade sanguinária … e acresce que revela de igual modo, uma cobardia indescritível do Homem, já que é um cenário de desequilíbrio entre a força bruta de um animal corpulento que apenas age instintivamente (o Touro) e um conjunto de bestas, que no caso específico dos envolvidos, foram lamentavelmente abençoados ou amaldiçoadas pela racionalidade (comummente designados de homens) … ou seja a coisa fica duplamente penosa para o touro, que sozinho e apenas movido pela espontaneidade de seus actos confronta um grupo de seres que se movem pela estupidez.
E então, após este preâmbulo, aqui vai uma listinha de simples argumentos, utilizados por gente, normalmente fadada pela imbecilidade, todos eles absurdos, para continuar a permitir que estes momentos de manifestação de masculinidade (sabe-se lá porquê... e de produção de testoterona), tenham o seu lugar cativo:
Argumento 1 – “Faz parte da tradição”
Este é o argumento clássico, o refúgio mais imediato de quem se encosta a factores convencionados, que facilmente nos descansam logo já que é unânime pensar-se que é muito feio mexer na tradição, afinal ela é a expressão máxima daquilo que nos é peculiar … quem é que se atreve?!
Nesse caso, em prol da tradição, vamos parar no tempo ou regredir e então, podemos começar por retirar o direito de voto às mulheres (como era de tradição), escravizar os negros (foi prática secular … porque não manter?!), divertirmo-nos também com os leões a devorar homens na arena (espectáculo com muitos adeptos e de tradição no Império Romano, era mesmo um momento alto) ou até, queimar em autos de fé, tudo o que era entendido como gente perturbada ou doentia, os acusados de bruxos e bruxas, os homossexuais e outras deficiências físicas e psíquicas … porque não, ( na Idade Média era um mimo … o pessoal delirava vendo os corpinhos alheios arder, era mesmo gracioso) …
Por favor quem alega a tradição não sabe mesmo o que diz …
Argumento 2 – “É um espectáculo como outro qualquer, quem gosta
gosta, quem não gosta não vê, nem precisa de ir”
Que argumento escandalosamente hipócrita, fazendo jus a uma liberdade de escolha de cada um nas suas decisões (fica sempre bem porque pressupõe-se que há respeito democrático), para justificar a perpetuação de um massacre …é pena que o touro também não possa escolher participar ou não, acho que ficaria bem estender esse humanismo dando liberdade de decisão ao principal protagonista e estrela no espectáculo.
Argumento 3 – “O touro é bem tratado como nenhum outro animal
antes das touradas”
Uau…ficámos todos elucidados, sendo o touro bem tratado antes disso, está mais que justificado que tenha de ser massacrado depois … é uma questão de equilíbrio … sim, faz todo o sentido.
Argumento 4 – “O touro existe para esse fim”
Este argumento revela o mesmo nível intelectual da expressão “estar vivo é o contrário de estar morto”. Nem consigo lá chegar … fico sem palavras … mas é imaginativo sim senhor.
Argumento 5 – “Sem as touradas o touro seria uma espécie que se
extinguiria”
Portanto isto remete-nos para a existência das outras espécies apenas e exclusivamente ao serviço do belo prazer dos humanos, nem que seja para a tortura. E tenta atacar e calar os ecologistas pela parte mais sensível … é que na iminência do espectáculo desaparecer, os touros coitados não têm lugar neste planeta …
Então eu penso que prefiro sem dúvida a extinção de uma espécie à sua exclusiva existência ao serviço do sadismo incompreensível do Homem … prefiro não ter de ser presenteado por estes espectáculos de horror.
Este argumento acaba por ser curioso, sobretudo quando o Homem não está preocupado com o desaparecimento diário de centenas de espécies animais e vegetais do planeta Terra, algumas sem sequer chegarem a ser descobertas, isto claro … pela penalização ambiental que o Homem inflige à Terra.
Argumento 6 – “Então e os animais que sofrem enjaulados,
as condições dos matadouros, os aviários,
os cães e gatos abandonados e maltratados,
o negócio das peles”
Este é o argumento cobarde … na ausência de verdadeiros argumentos tenta-se desviar a discussão do seu propósito inicial, trazendo outros temas à conversa e assim dispersar os incautos … além de que é absurdo porque, procura justificar a continuidade de um espectáculo de tortura e sofrimento fundamentado na premissa de que há outros piores, ou seja … não tem qualquer mal este continuar. Seria o mesmo que: caíu um avião no Brasil, provocando 150 mortos, mas isso não tem qualquer importância, até porque no tsunami do sudeste asiático morreram uns quantos milhares ???!!!
Argumento 7 – “Você não come carne?”
Que golpe baixo e sem nível, ou seja, as pessoas que comem carne porque são omnívoras, têm de compreender que exista então um espectáculo em que um outro animal é torturado para divertimento do povo. Isto é, justifica-se um espectáculo de diversão humana, dispensável e psicótico por uma necessidade.
Argumento 8 – “É um espectáculo bonito.”
Ahhhh … agora fiquei emocionado, juro que me tocou este argumento … que bonito! Pressuponho que o touro tenha uma opinião diferente, mas pronto, será apenas por espírito de contradição. Aposto que os romanos iam ao rubro, vendo uns quaisquer miseráveis serem furtivamente devorados pelos leões esfaimados, deveria ser mesmo lindo, não vos parece?! E então, o povo leproso e desdentado, cheio de escorbuto e maleitas várias em êxtase, vendo um azarado qualquer a fumegar num auto de fé e a feder a porquinho queimado, digam lá que não era o momento alto e mais emocionante de passar o tempo na Idade Média, quase que aposto que se divertiam mais que um joguinho entre o Sporting e o Benfica…
Argumento 9 – “A ideia que se tem do sofrimento do touro é
errada, porque as farpas são como agulhas
para nós.”
De momento não me lembro de mais argumentos assimmm, que apele a uma inteligência prodigiosa, como estes. Se alguém se lembrar sugiro que me diga, agradeceria.
Brama
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